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Artigos-->NOSSAS CRENÇAS PESSOAIS - Parte 2 -- 20/08/2001 - 21:00 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NOSSAS CRENÇAS PESSOAIS - Parte 2

J.B.Xavier







Ao final da guerra, os melhores equipamentos e munição iam para as novas tropas, formadas por velhos e rapazes imberbes, em detrimento dos regimentos nas frentes de combate, compostos por veteranos de batalha.



Como se não bastasse, cometeu o mesmo erro que seu ídolo – Napoleão – e atacou a Rússia no inverno. Resultado: não matou a cobra do quintal, e, já ao fim da guerra, a Rússia entrava triunfante em Berlim.



Mais que isso! Hitler valorizava mais os pontos de vista ideológicos que os pragmáticos, e isso acabou com as carreiras militares de muitos oficiais brilhantes, o que, a longo prazo acabou por enfraquecer a suástica e causar a perda do lll Reich, que deveria durar mil anos!



E onde estavam os oráculos? Na Alemanha Nazista não havia oráculos! O próprio Hitler era o oráculo-mor e ele olhava o futuro através das informações que o medo de seus subordinados lhe trazia. Não foram poucas a ocasiões em que ele foi informado tardiamente da perda de alguma batalha importante.



É um exemplo clássico de que, mal informado, não há oráculo, mago ou vidente que fique de pé. Eles precisam de um padrão de acontecimentos para que possam projetar esse padrão. A essa projeção chamam “Previsão”. Com um padrão à mão, até economistas viram magos, porque, munidos de uma planilha eletrônica conseguem antever os movimentos financeiros ao redor do globo, fazendo o que chamam de “projeções”.



Mas a vida dos magos está ficando cada vez mais difícil, porque, como disse Paul Valèry, “o futuro já não é o que costumava ser”. Como tendências são repetições, em algum grau, de um padrão conhecido, dentro do tempo ou do espaço – ou ambos - ficou difícil decifrar eventos futuros tendo à mão padrões que não se repetem, ou seja, que variam de maneira randômica, e portanto, paradoxalmente, não se constituem em padrões.



Padrões-que-não-são-padrões, ou, como prefiro chamá-los - PCD - Padrões de Curta Duração, têm sido a principal dor de cabeça de nossos atuais videntes e dirigentes.

No passado não muito distante, quando se errava uma previsão, geralmente havia tempo para corrigir o erro, porque as informações trafegavam mais lentamente através do globo. Atualmente, no entanto, mal uma declaração é feita ou uma opinião é emitida, ela gira o planeta instantaneamente, afetando em seu caminho, tudo o que lhe disser respeito.



Os magos tentam se adaptar. O próprio Paulo Coelho – na referida entrevista – está se afastando da imagem de mago. Claro, porque já não precisa mais dela. Ele agora resolveu ser reconhecido como escritor, porque – coisa que nem sua magia anteviu – mesmo com mais de trinta milhões de livros vendidos ainda não o conseguiu. Para isso a imagem de mago mais atrapalha que ajuda.



Mas, se os magos mudaram, nossas crenças pessoais, continuam as mesmas. Talvez até mais arraigadas, em função do rompimento do tecido social que tem jogado à margem da sociedade uma legião cada vez maior de infelizes.



Assim, observando o tabuleiro do imenso jogo das relações humanas, percebe-se que a insegurança aumentou significativamente, tanto no plano social quanto no profissional, e a prova disso é o nascimento do grande número de seitas que todos os dias nos convidam à introspecção e à ligação direta com o divino - a solução final, segundo elas – dos problemas que nos afligem.

Então, o que podemos fazer para entender os processos de mudança que alteraram as regras do jogo do sucesso e até mesmo da sobrevivência, e o que devemos fazer, objetivamente, para aprender a jogar esse novo jogo que nos está sendo apresentado.



A lista de coisas em que acreditamos – nossos princípios fundamentais – têm diminuído bastante nos últimos anos, e está hoje restrita a três ou quatro itens.



Mesmo nestes, às vezes, temos que pensar bastante para encontrar argumentos que nos façam continuar acreditando neles!



Você não precisa concordar comigo sobre o que eu acredito. Ao contrário, discordâncias sobre crenças suscitam novas maneiras de pensar. Assim, a primeira coisa a fazer é flexibilizar um pouco as opiniões formadas, porque neste mundo instável, nada é mais perigoso que ser previsível.



O importante é que estejamos conscientes da instabilidade do mundo em que vivemos, e preparados para promover as mudanças pessoais necessárias para estabelecer novos caminhos que trilharemos à luz de nossas próprias crenças.



Se pensarmos como se estivéssemos embarcados num pequeno barco, teremos um bom parâmetro para compreender o que seja o navegar pela vida. Uma instabilidade constante sob os próprios pés, e um horizonte à frente, cujo único vislumbre sobre nosso futuro imediato que nos é permitido são as nuvens carregadas ou a ausência delas.



Convenhamos, não precisamos de videntes, magos ou gurus para nos dizer se o tempo está ruim ou bom. Basta que nossas crenças pessoais valorizem mais nosso próprio “eu” e, claro, basta olharmos para cima, e não para baixo, porque como disse Lao Tsé:



“Quem olha para baixo não enxerga o cume das montanhas”



FIM

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