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Textos_Religiosos-->Sermão da Embrionésima -- 02/03/2009 - 12:10 (Mauro Bartolomeu) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
5/1/2009

Caríssimos Irmãos em Cristo,
Haverá vida humana nos embriões? Sim, há vida humana nos embriões. Desde que os embriões estejam vivos, e desde que sejam humanos, não há dúvida de que há neles vida humana. Mas será a vida humana realmente o valor absoluto ensinado por Deus Nosso Pai de Amor e Bondade? Não haverá nenhum valor maior que esse? Que se entende, afinal, por vida humana? O próprio Filho do Homem disse ter vindo para que todos tenham vida plena, não para que a tenham pela metade ou por qualquer outra fração. Portanto, deseja o Senhor que consideremos o adjetivo humano no sentido mais amplo, no sentido de vida plena. Assim fazendo, uma vida miserável e indigna será antes fracionária, e não plena; desumana, antes que humana. A plenitude da vida em Cristo Jesus não é acaso a única vida digna de ser vivida? Não foi essa dignidade que o Filho do Homem nos ensinou como o verdadeiro valor humano absoluto? Não a vida, ou pelo menos não qualquer vida, mas apenas e exclusivamente a vida digna. Apenas e exclusivamente – o que significa dizer que a morte não é a pior coisa que pode suceder ao homem, mas a indignidade da vida. Só isso explica o gesto de Nosso Senhor Jesus Cristo, que entregou sua vida para a redenção dos pecados da humanidade. Se Ele não o fizesse, sua vida não teria sido digna do Filho de Deus. Assim, Ele demonstrou com seu gesto que a vida não é o valor absoluto, mas a dignidade, que é o que nos torna a todos filhos desse mesmo Deus, e irmãos em Cristo Jesus. Lembrai-vos, ademais, que o Cordeiro de Deus aceitou a morte, mas não consta que alguma vez tenha aceitado a doença ou a fome involuntária. Em suas mãos, as doenças minguavam, os pães amplificavam, a água tornava em vinho. E, ainda assim, ele preferiu a morte. Disso devemos concluir, como cristãos observadores dos ensinamentos do Mestre, que há situações desumanas que não merecem ser vividas, para quem quer que tenha o mínimo de consciência de sua própria dignidade enquanto ser humano, e de modo especial para quem descende em linha direta do Pai Celestial.
Admitido esse ponto, haveremos de nos perguntar se pode existir alguma circunstância em que ao ser humano possa ser preferível deixar de nascer a fazê-lo. Ora, a resposta impõe-se como num silogismo: sim, a situação de nascer condenado a uma vida desumana, ignóbil, indigna. Mas em que condições precisas poderemos considerar uma vida absolutamente miserável? A resposta a essa pergunta é profundamente pessoal, e o bom cristão deve buscar iluminação no diálogo com Deus a fim de poder decidi-lo. Cada pessoa parece ter uma capacidade própria para enfrentar ou suportar as mais difíceis circunstâncias, mesmo as mais trágicas, que o destino pode oferecer a um ser consciente. Como prever a de um embrião? Que nos ensina a Palavra de Deus acerca disso?
O próprio Cristo, pregado no madeiro, invectivou ao Pai, que parecia tê-lo abandonado. Isso nos mostra que pouca coisa pode haver de piores consequências para o desenvolvimento de uma alma que a rejeição pelos pais. Sendo assim, por que não conceder a eles o direito de decidir se seu rebento é ou não bem-vindo em suas vidas? Já que enquanto esse novo ser está sendo gerado, não pode ter linguagem e nem, portanto, consciência, à pessoa responsável pela sua geração deve-se dar o exclusivo direito de decidir se dispõe ou não de condições para oferecer-lhe uma vida digna. Isso inclui, meus irmãos, condições materiais e espirituais. Qual a objeção a isso? Por que isso seria tão agressivo a Deus Nosso Senhor? Apenas porque temos outros métodos para evitar o crescimento demográfico? Mas a Santa Madre Igreja os condena igualmente! Por que o Senhor haveria de nos proibir de fazer bom uso da inteligência de que nos dotou? Por que não poderíamos usar de todos os métodos de que dispomos? Se cada pessoa tem sua história, não será crueldade exigir que todas possam dirigir suas vidas como nós acharíamos melhor? Lembrai-vos que o Mestre nos ensinou a não julgar nossos semelhantes!
Ou então a gravidade do pecado está no fato de que no feto exista uma alma. Mas que ocorrerá a essa alma, se as almas são imortais? Não voltará ela para junto de Deus e dos anjos, numa vida eterna de glória? Então o que é que se pode temer? Seria então a preocupação com a alma de quem perpetrou esse “crime bárbaro”? Mas por que se preocupar com as almas dos ímpios, se jamais poderemos saber ao certo quais são os desígnios de Deus para com elas? Será por piedade cristã verdadeira ou apenas por tentação do demônio? Jesus nos ensinou a ajudar os que pecam ou a condená-los? Mas é preciso ir além, meus irmãos! Quem tiver ouvidos, que ouça! É falsa a doutrina segundo a qual o embrião já possui uma alma! O Senhor não incluiu nos seus mandamentos a ordem de não praticar o aborto! Sim, todos sabemos que Nosso Pai condena o homicídio à morte. Aquele que assassinar um homem, pagará com a própria vida, segundo a Lei do Talião. Fica assim mais do que claro que a ordem “não matarás” sempre admitiu exceções, uma vez que a pena capital é a própria sanção pelo seu descumprimento. Por isso é preciso nos ater às Escrituras para entender a quem o Senhor se refere ao proibir de matar, e em quais circunstâncias isso é válido. O capítulo 21 do Êxodo esmiúça bem a questão dos ferimentos e mortes, especificando, caso a caso, as penas aplicadas em caso de assassinato de um escravo, de um semelhante, dos progenitores e de um feto. A única passagem das Sagradas Escrituras em que o Senhor aborda diretamente o tema do aborto é em Êxodo, 21:22,23, em que diz que “22se homens brigarem e ferirem mulher grávida, e forem causa de aborto, sem maior dano, o culpado será obrigado a indenizar o que lhe exigir o marido da mulher; e pagará o que os árbitros determinarem. 23Mas se houver dano grave, então dará vida por vida…”
Se quisermos ser observantes da Palavra de Deus, é mister que sejamos primeiramente bons observadores. Devemos observar que a Lei Sagrada prevê o crime de aborto: aborto sem maior dano, cuja pena é de multa. Mas que devemos entender por aborto sem maior dano? Naturalmente, o maior dano considerado na Lei Mosaica é a morte; prova disso é que, neste caso, a Lei do Talião prevê a pena de morte: dará vida por vida. É evidente, portanto, que o dano maior refere-se à morte da mulher, e não, obviamente, do feto, caso contrário a Palavra seria contraditória no primeiro caso, “aborto sem morte”, e redundante no segundo, “aborto com morte”. É, pois, da vontade do Senhor que o feto e a mulher não sejam tratados com igualdade. Por que é que a Lei do Talião não prevê a pena capital ao causador do aborto? Porque, evidentemente, o feto ainda não é considerado uma vida plena, ainda não possui alma. Além disso, legislou apenas sobre o caso do aborto provocado acidentalmente, e absolutamente nada disse sobre o aborto provocado intencionalmente. Não seria um grande descuido de Deus Nosso Senhor se tivesse se esquecido de incluir um pecado tão grande como o julga a Santa Madre Igreja? Assim, o aborto não é pecado aos olhos do Senhor.
Resta responder, então, a partir de que momento existe vida plena. O primeiro livro das Escrituras é bastante esclarecedor a esse respeito. Diz ele que “então Iaweh Deus modelou o homem com argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente” (Gênesis 2,7). Ora, não é dito que o homem se tornou um ser vivente logo que o Senhor o modelou, mas apenas após ter recebido o hálito de vida em suas narinas. Devemos concluir, portanto, que a simples forma humana ainda não é vida plena, ela ainda não possui alma, não passa de barro trabalhado. A alma apenas é dada ao homem, e este se torna um ser vivente, após receber em suas narinas o hálito de vida, isto é, a partir do instante em que começa a respirar. Assim, o feto é apenas barro: modelou o homem com argila do solo. Quando a mulher o dá à luz é que ele começa a respirar: insuflou em suas narinas um hálito de vida. E é só a partir de então que ele é dotado de alma: e o homem se tornou um ser vivente. Observem ainda que a palavra em grego para alma é pneuma, que também significa sopro, vento, respiração.
Além disso, havemos de adir que quis o Senhor Deus que a Virgem entregasse seu Filho para redimir a humanidade, em sinal de que a mulher deve humildemente saber doar a vida de seu próprio filho se tal se fizer necessário para cumprimento dos desígnios do Senhor. Fica claro, dessa maneira, que o Senhor não condenou o aborto, antes nos ensinou a eleger a dignidade sobre o valor da vida, o que nos leva a concluir que o aborto é aceito e desejado pelo Senhor nas circunstâncias em que o bom cristão o julgar necessário, seja em razão de penúria, de desespero ou de miséria, moral ou financeira, ou qualquer outra situação trágica, que o Senhor, em sua Infinita Bondade, não se cansa em prodigalizar conforto aos que sofrem e clamam Seu Nome. Assim, seja feita a vontade de Deus, para Glória do Seu Nome, para nosso bem e de toda a Santa Igreja.

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