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Cartas-->Carta do general Heleno ao mentiroso Jânio de Freitas -- 04/04/2011 - 12:10 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carta enviada ao Jornalista Jânio de Freitas

Jamais senti ira. Sou um homem de bem com a vida.

Jamais fui interpelado pela Procuradoria da República sobre “quantidade injustificável de telefonemas do então juiz Nicolau dos Santos Neto”. Jamais servi no Palácio do Planalto durante o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Durante o governo do Presidente Collor, tinha contatos frequentes com os Presidentes de Tribunais Regionais do Trabalho, por motivo exclusivamente funcional. Os processos de nomeações do Poder Judiciário, de Ministro do STF a juiz classista, passavam por mim, no Gabinete Militar, e eu, pessoalmente, os preparava para despacho do Min da Justiça com o Presidente da República. Nada mais razoável que me ligasse com o presidente do TRT/SP, o mais importante do País. Jamais tratei de obras, verbas ou coisa parecida. O Gabinete Militar não possuía qualquer ingerência com o assunto. Sua ilação é infundada, leviana e inexplicável. Da primeira vez que você tratou do assunto, já se vão alguns anos, coloquei à sua disposição minhas declarações de Imposto de Renda e extratos bancários. Você preferiu seguir a linha das acusações irresponsáveis e mentirosas.

Quanto à volta do Haiti, não entendi suas conclusões. Ultrapassei em três meses o prazo previsto para a missão. Depois de 15 meses fora do País, retornei para assumir o cargo de Chefe do Gabinete do Comandante. Fui convidado, insistentemente, pelo Chefe do Departamento de Operações de Paz da ONU e pelo próprio Secretário Geral da ONU, que me ligou pessoalmente, para permanecer no cargo. Recusei porque considerava minha tarefa cumprida e porque sempre achei saudável a renovação de comandantes, sobretudo em uma missão altamente desgastante. Gostaria que outros generais vivessem a experiência fascinante de comandar a Força Militar da MINUSTAH. Esse rodízio acontece até hoje.

Finalmente, quanto à palestra sobre 31 de março de 1964, não iria ferir os princípios da hierarquia e da disciplina, após 45 anos de serviço e no mais alto posto da carreira. Minhas palavras não iriam modificar os fatos, apenas contar a verdade aos mais jovens.

Gen Augusto Heleno Pereira


***

Dia de silêncios

JANIO DE FREITAS

A falta de manifestações agressivas no 31 de março abre caminho para resolver impasse até aqui intratável

A AUSÊNCIA DO 47º ano sucessivo de manifestações mutuamente agressivas, no 31 de março, de representantes militares da ditadura e de parte dos seus opositores, tem significações maiores do que deu a perceber de imediato.

Pelo lado dos opositores ao golpe e aos 21 anos de regime de violência e antidemocracia que se seguiram, sua conduta, se traduzida em palavras, explicaria que "agora vemos, afinal, uma disposição honesta, no comando do governo, de não se curvar aos temores e radicalismos militares em relação aos seus feitos e à história, quando se fizeram poder absoluto".

No lado dos militares, os três comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica reproduziram para os subordinados a instrução do ministro Nelson Jobim contra ordens do dia e outras manifestações sectárias. Mas o primeiro daqueles comandantes, general Enzo Peri, tem no caso um destaque particular. O general Augusto Heleno Pereira, com a ira que o acometeu desde que voltou da missão no Haiti, estava prestes a transgredir a instrução do ministro. O general Peri calou-o, e aos componentes do ato planejado, com uma intervenção firme. Como não houvera ainda em relação ao assunto.

O general Augusto Heleno tornou-se conhecido quando a Procuradoria da República constatou ser destinada a ele, servindo no Palácio do Planalto durante o governo Fernando Henrique, a quantidade injustificável de telefonemas do então juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, que à época fazia fortuna com o dinheiro da construção do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo.

A manifestação no dia 31 seria a última participação do general antes de oficializada, com a passagem para a reserva por prazo no posto, sua troca das fardas por uma roupinha paisana e doméstica. Mas sem motivo para frustração pelo silêncio como encerramento. Na reserva, terá mais oportunidade de se manifestar. Espera-se que até para explicar, de maneira mais convincente do que já fez, também os telefonemas do Lalau, mas sobretudo suas relações com a ONU no Haiti e sua volta imprevista e sem a extensão possível. Este último tema é de interesse amplo.

Seria exagerado considerar que a passagem pacífica do 31 de março prometa alguma coisa. Mas é inegável que pode facilitar, e muito, a relação entre o radicalismo militar e a condução de fatos como o trâmite da Comissão da Verdade no Congresso e, depois, suas atividades, se aprovada. É uma porta para a oportunidade de abordagem de um impasse venenoso e até aqui intratável.


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