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Artigos-->A Genialidade Precoce de Álvares de Azevedo -- 13/12/2003 - 17:14 (José Ricardo da Hora Vidal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Álvares de Azevedo morreu antes de completar 21 anos. Contudo, deixou para a posteridade um conjunto de obra literária digna de gente grande. Tanto em volume como em qualidade, está colocado como um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos.



Manuel Antonio de Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo, em 12 de setembro de 1831. Diz a lenda que teria nascido em uma das salas da bibliote-ca da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco – como que para expli-car sua genialidade. Na verdade, nascera na casa do avô materno, que fica próximo à faculdade, que depois viria a freqüentar vinte anos mais tarde.

Nasceu em São Paulo, todavia criou-se no Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1833. Lá estudou no colégio Stoll e no internato do Imperial Colé-gio Pedro II. Neste período, seus professores atestaram a genialidade do aluno, com notas excepcionais em todas as matérias, com excessão em ginástica.



Em 1848, voltou para São Paulo, para cursar Direito. Naquela época, a capital bandeirante se destacava exclusivamente pelo seu curso jurídico que, juntamente com o de Olinda, e as faculdades de medicina de Salvador e Rio de Janeiro, foram as únicas instituições de nível superior do país no meados do século XIX. Nesta época, Álvares de Azevedo foi colegas de outros gênios que iriam se destacar na literatura, como Bernardo Guimarães e Aureliano Lessa (com quem iriam formar uma república de estudantes), além de José de Alencar.



Sendo pouco avesso ao convívio social da cidade, que sempre julgou provinciana e entediante (conforme atesta as cartas que escrevia para seus pa-rentes e amigos) tampouco participava das rodas boêmias dos estudantes. Ál-vares de Azevedo vivia recluso em seu quarto, com e para seus livros. Contu-do, sua reclusão não impediu que outra lenda se acrescentasse a sua vida – de que era um boêmio inveterado, consumidor voraz de conhaque e membro da Sociedade Epicuréia – que promovia as maiores orgias românticas e macabras, como festins noturnos em cemitérios.

De sua participação na vida social, restringisse a poucos discursos, como o comemorativo da criação dos cursos jurídicos, em 1849 e o proferido por ocasião da fundação da Sociedade do Ensaio Filosófico Paulistano, em 1850. Destes discursos, o de 1849 foi a uma obra publicada em vida.



Sem ter vivido as loucuras que lhe imputaram, também não uma vida longeva. Morreu em 25 de abril de 1852, em conseqüência ao um tumor na fossa ilíaca provocada de uma queda de cavalo, sem concluir o curso de Direito. Em 1853, foram publicados seus textos.





Uma literatura jovem e madura



A produção literária de Álvares de Azevedo impressiona tanto pela sua qualidade como pela quantidade. Além dos poemas, acrescenta-se

no seu inventário poético o livro de contos fantásticos Noite na Taverna¸ a pe-ça de teatro Macário, o romance Livro de Fra Gondicário, além de volumes de crítica, discursos e cartas.



Como poeta, ele figura como o principal representante da chamada Segunda Geração Romântica ou Geração Ultra–Romântica. Sendo um leitor vo-raz tanto dos clássicos do porte de Shakespeare, como – e principalmente– de modernos, como Byron, Musset, Shelley, Goethe e Lamartine; Álvares de Azevedo assimila as características da época: intimismo, sarcasmo, desejo pela morte, império do sentimento sobre a razão, escapismo, mulheres idealizadas e impossíveis, amores entre o angelical e demoníaco. Entretanto, em lugar de ser um mero caudatário de tendências, mostrou originalidade nas suas criações poéticas, como a introduzir a ironia à inglesa – diferente da velha chalaça por-tuguesa que até então reinava soberana na literatura brasileira. Isso é atestado nos poemas Namoro à Cavalo, Minha Desgraça e a série Spleen e Charutos.



Original também é seu lirismo confessional, em que canta seu amor fami-liar à sua mãe e a sua irmã e sua sensação de uma morte prematura – amor puro e casto de alguém que sente saudades pelos seus entes mais queridos. Neste ponto, é ponto pacífico dentre os críticos que Álvares de Azevedo alcança seu a perfeição. A sinceridade presente neste nos verso do poema À minha mãe, Se eu morresse amanhã e Lembrança de Morrer o coloca dentre os maiores clássicos líricos.



Sua obra poética é composta pelos livros Lira dos Vintes Anos (que se destinava a projeto coletivo, que iriam contar com os livros de versos de Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães), Poesias Diversas e os poemas narrativos O Conde Lopo e Poema do Frade.



Na prosa, se destacam os contos fantásticos de Noite na Taverna, a narrar as diversas aventuras macabras de assassinatos, traições e amores de jovens estudantes europeus, reunidos em torno de uma mesa esfumaçada de taverna, que tanto poderiam ser cenários dos devaneios de Byron como dos sonhos de Shelley. Estes contos, bem acabados exemplos da estética byroniana, introdu-zem nas nossas letras os textos de mistérios e horror.



Dignos de notas são seus trabalhos de crítico literário, em que se notam a extensão de sua cultura humanística e um apurado senso de análise . Isso é a-testado no prefácio de sua peça de teatro Macário, em que, reconhecendo a fraqueza de sua própria obra, delineiam um perfil de teatro que tivesse o que há de melhor no teatro espanhol, no grego e no inglês.



O romance Livro de Fra Gondicário (um de seus poucos textos sem qua-lidade), os discursos e a sua correspondência completam o seu patrimônio literário, que for a escrito por um jovem que faleceria precocemente com duas décadas de vida.



Em face dessa prodigalidade, alguns críticos divagam: Tivesse Álvares de Azevedo vivido mais tempo, conseguiria se superar? O Brasil ganharia um grande dramaturgo? Um grande crítico – como o foi Edgar Allan Poe para os Estados Unidos? Ou não? De concreto, o que deixou em vida já o credencia a ser um dos nossas maiores clássicos.

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