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Poesias-->Mineirando -- 06/01/2002 - 15:18 (Claudia A. de Carvalho) |
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MINEIRANDO
Minas das doces meninas
Dos bules de esmalte no fogão a lenha
Dos terços, das novenas
Da falas serenas
Dos casos de assombração
Dos sinos do entardecer
Dos olhares mansos e ressabiados
Da acolhida de cada dia
Do Divino e das romarias
Do pão de queijo no forno
Das conversas na cozinha
Da gente tão menina
Dos morros tão azuis
Das cruzes espalhadas ( com o respectivo sinal da cruz )
Minas com suas pequenas casas espalhadas onde se ouve o som das toadas
Das roupas lavadas à mão, lançadas nos quaradores
Das falas curtas , mas acertadas
Das sábias benzedeiras que cortam o quebranto
Da tradição que conduz todos a mesa diante da couve, do tutu e das boas prosas
Menina poeta das belas madrugadas
Das serenatas, das doces violas
Dos sons de suas matas, sua gente e seu suor
De sua mineirice que transborda ao redor
De um jeito único de quem sabe doar-se
De uma melodia suave que só quem come o queijo minas sabe apreciar essa colcha de retalhos que transborda no doce gargalo da bebida destilada
Ser mineiro é olhar com o coração
É falar com os olhos
Minas das doces meninas
Dos portões que passam e aonde em cada passo ecoa um canto traduzido em oração
Das doces festas, doces promessas, das Folias de Reis
Da morada que acolhe
Dos beirais que esculpe a cada caminhar
Dos modos sinceros, do falar manso
Da simplicidade balbuciante das rezas de suas avós
Do lirismo errante que traz dissonante as notas da saudade de quem te deixa e vai
Vai com os olhos transbordando de nostalgia
Onde brilha a pura magia de um dia ter sentido sua essência pura, ainda intacta
Nos portais dos sentidos
Seu barroco transporta ao passado glorioso
Que de ouro se esculpiu sua beleza
E essa suave e discreta mania de se calar
De deixar que a vejam mansamente
E que lhe traduzam a harmonia nos olhares de admiração
Minas das doces meninas
É toda manha, encanto e mania
É um começo que não tem fim...
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