TEMPESTADE TROPICAL
Os ventos sopram nervosos
Chiando varrendo, quebrando...
Trovoadas, trovões tenebrosos
Tempestade, tempestuosa chegando...
As galinhas correm, voam, tropeçam
Procurando abrigar da borrasca
Árvores inclinam, estalam, estilhaçam
Galhos partindo, presos apenas na casca
O campinzal dali do pasto
Arqueia, estica se ondula
Mimosa quase vai de arrasto
Correndo fazendo firula...
Estalos, estalando estridente
Cortando o céu em rabiscos
Raios, rangendo regente...
Arrebenta a aroeira um corisco
O paiol velho e vazio
Balança, se emborca e cai...
A tempestade festeja o feitio
Espalhando com a palha se vai
Mimosa leva uma queda
Entrando para o curral
Desaba uma chuva de pedra...
Despenca o tempo... um temporal!
Agora a chuva cai grossa
Enxurrada "cachoeirando" lá fora
Escorre aqui, ali fazendo poça
Enche-a derramando, vai embora
O riacho que corre no fundo
E serve ao gado com a aguada
Daqui se houve seu ronco profundo
Quando arrebenta com a água represada
Uma tromba d água tremenda
Derreia, derretendo os barrancos
Carregando o rancho, os tachos e a moenda
Adeus açúcares e melados tão brancos...
Adeus açude... Adeus represa
Feitos por meus avós com escravos...
Formidável força , que fortaleza
Arrastando tudo com "urros e brados"...
Monjolo com casinha e tudo
Nas águas submerge, se afunda
Erros de engenharia, de estudo
Permite que assim se inunda
Chovendo. Chove chuva. Chovia...
Até que em fim já choveu...
Penitencias. Rezas. Romaria...
O Senhor Deus, a tudo atendeu
Dior D Ávilla e Silva
|