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Artigos-->Não me digam: boas festas... -- 07/12/2003 - 19:35 (MARIA PETRONILHO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos








Não, não vivo de brincar!

Não, não brinco de viver!

Não, não me seduzem bolas douradas

Penduradas em árvores condenadas!

Lembram-me a fome na guerra.

Lembram-se milhares de crianças

Sem remédios, comida nem roupa.

Lembram-me feridas abertas pelas balas,

Os corpos explodidos pelas bombas.

Não, não me ofereçam prendas!

Ofereçam-me soluções genuínas.

Ofereçam-me antes caminhos

Que me não levem retrocedendo

Com os meus irmãos de berço.

Não quero festas, estou de luto!

Meu coração jaz em pranto;

Olho e estremeço de medo.

Não por mim, que habituada

Ao negrume desta vida

Vejo perto o fim da estrada

Mas por quanto é vindouro

E nada posso, nem deixo

Que prevista o seu destino

Ser bem melhor do que o nosso.

Sinto-me culpada enquanto

Parte indivisa do todo,

Ergo minha voz bem alto,

Mas soa frágil meu canto!

Canto, mesmo se chorando

Por todos os Natais que passo

Sem alegria... mas canto!

Porque o Menino nasceu

E a sua vida ofereceu

E à morte se entregou

Pelo inverso disto tudo:

Tanto fausto e tanto luxo!

Não, não me falem de festas,

Soam falso, brilham tanto

Como brilham altas as chamas

Verdadeiras, em que queimam

As nossas vidas goradas.

Dêem-me um Natal de esperanças!

Dêem-me Natais sem guerras!

Não me digam: boas festas...

Quais festas, se estamos todos

Beirando a orla do abismo?!

Ainda a tempo de evitá-lo

Mas para isso, há que olhá-lo,

E não passar distraído,

Olhando o desfilar lindo

De tanto, e tão falso brilho!



Lisboa, 7/12/2003

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