Pai
Se você estivesse neste mundo, completaria 90 anos hoje, 28 de julho e 2004. Seria um dia de muita alegria para nós.
Tê-lo como pai foi e é a maior razão de me sentir distinguido por Deus. Você foi o meu protetor, o meu maior amigo e a minha referência insuperável de ser humano; o grande exemplo que tomei para lapidar o meu caráter. Você sempre teve de mim um grande respeito e é impossível não lamentar que os seus netos não pudessem conhecê-lo e desfrutar da sua companhia carinhosa, da sua abnegação; enfim, da sua grandeza espiritual.
Sinto-o sempre junto a mim e há momentos em que aquele diálogo, improvável agora pela diferença de planos, parece mesmo acontecer. Continuamos companheiros, caminhando lado a lado, como naqueles tempos em que todas as manhãs você me conduzia, a pé, até o Grupo Escolar Mário de Andrade, dois quilômetros distante da nossa casa, tendo antes me dado o café da manhã. Continuo vendo aquele copo de leite e o pão com manteiga que você deixava sobre a mesa para mim todas as noites, para quando eu chegasse do Ginásio Rodrigues Alves.
Pelos atalhos da saudade, consigo retornar àqueles tempos em que você despontava na esquina da Lacerda Franco com a Bento Pereira, à hora do almoço e no final da tarde, quando eu, garotinho, disparava ao seu encontro para abraçar e beijar você.
Consolidada assim a nossa relação de pai e filho, fica ela, independentemente de circunstâncias, imune ao tempo e às distâncias. Peço apenas a Deus que não deixe faltar à lógica da Criação o reencontro dos que daqui partem em momentos diferentes após uma convivência alicerçada no amor mais alto.
Um beijo, meu pai.
Joel
28 de julho de 2004
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