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cronicas-->OS GAYS -- 12/07/2001 - 05:47 (Clenio Cleto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS GAYS

Todos as espécies animais são heterossexuais, porém, somente a espécie humana apresenta tendências homossexuais, ou seja, a prática do ato sexual com indivíduos do mesmo sexo. Milhares de teses foram defendidas por eminentes médicos, psicólogos, psiquiatras, filósofos, sem, entretanto, que se chegasse a uma explicação lógica e convincente. O fato real é que pessoas com essa característica sempre existiram e, hoje, convivem conosco.
Há 50 anos, em virtude do forte preconceito e da discriminação da sociedade, a maioria dos indivíduos desse terceiro sexo conseguia manter em segredo suas preferências sexuais, vivendo aparentemente uma vida normal, namorando, casando e tendo filhos. Mas, o sofrimento para manter essa dupla personalidade foi grande.
A sociedade moderna vem, aos poucos, admitindo e "aceitando" esses homens e mulheres diferentes, mas, ainda motivo de piadas e achincalhe. Todos, sem exceção, repudiam a idéia de um dia terem um filho ou filha homossexual, se precisassem escolher entre um filho pederasta ou excepcional, optariam certamente pelo segundo caso. Então, a discriminação existe, é uma realidade.
Quando menino pertencia a uma turma que em determinada época do ano construía cabanas no meio do mato, as quais depois de prontas, constituiam-se em plenários para nossas conversas e confidências. Na faixa etária dos 12 anos, o tema era sempre sobre sexo, trocávamos informações, imaginávamos casos amorosos, e, como uma Bíblia oral, as anedotas e os casos atribuídos ao poeta e escritor Antonio Maria Du Bocage. Todos os dias apareciam situações novas das quais Bocage sempre fazia parte atuante. Essa verdadeira literatura de cordel formava nos meninos o conceito do que era o sexo. Revistas clandestinas com desenhos pornográficos passavam de mão em mão até se deteriorarem pelo constante manuseio. A Polícia não conseguia conter o surto dessas publicações, a Igreja vociferava ameaças de excomunhão para os autores dos desenhos.
"Mariquinhas" era o nome dado aos meninos propensos ao homossexualismo, eram menores do que os outros, de pele mais alva, de maneiras muito delicadas, e toda turma tinha um em seu meio. Serviam alegres a todos, esmerando-se na limpeza da cabana, nos lanches, nas bebidas, e submetiam-se como cobaias às primeiras experiências sexuais dos componentes do grupo. Exageravam nas maneiras femininas de andar e falar, brincavam com bonecas, parece que gostavam de ser tratados com palavras rudes, serem xingados e até surrados. Em virtude da pouca idade e da pouca prática no ato sexual, raramente, havia penetração. Não andavam com a gente pelas ruas, pois, os "machinhos" tinham vergonha de serem vistos acompanhados por um "mariquinhas". Não conseguia, na época, entender o por que dessa diferença de comportamento, como um homem podia sentir-se uma mulher, e, também, os adultos não tinham explicações que convencessem.
Mais tarde, em minha adolescência, quando ia ao cinema, era inevitável a aproximação de um jovem ou adulto, os quais sentando-se ao meu lado, encostavam o dorso da mão em minha coxa e se não houvesse objeção desabotoavam a braguilha das calças e acariciavam meu pênis. Mesmo estando acompanhado de uma namorada eles atacavam. Antes mesmo de terminar o filme e as luzes da platéia se acenderem eles levantavam-se e sumiam. Nos banheiros, também, alguns, fingindo urinarem ao meu lado, ficavam olhando com olhos gulosos. Isso não acontecia só comigo, acontecia com todos os jovens ou adultos dentro dos cinemas de São Paulo. Nos ónibus e bondes a situação era semelhante, principalmente no bonde "camarão" (fechado e vermelho) que servia a região de Santo Amaro. Essas pessoas adultas eram chamadas de pederastas ou "veados" e de "paneleiros" pela colónia portuguesa.
Na Cidade Dutra onde morei de l950 a 60, ou seja, dos l5 aos 25 anos de idade, só havia um "bicha tabuleta" (homossexual exibicionista, escandaloso) que era o Brotinho. Se outros existiam eram "enrustidos". Antes de completar l8 anos eu usava para entrar nos bailes a Carteira de Identidade do Luizinho, cuja foto no documento parecia ser minha. Era um moço bonito, tipo galã, namorador, bom de briga, bom jogador de futebol, casou-se e teve duas filhas. Anos mais tarde encontrei-o na Rua 7 de Abril, fazia muito tempo que não o via, estava com mais de 50 anos, continuava com o aspecto "bonitão". Bebíamos uma cerveja e relembrávamos os tempos da Dutra, notei nele algo estranho,
alguma coisa afetada, modos de gesticular e olhar diferentes dos que tinha. Não contive minha curiosidade:
- Luizinho, você virou gay? perguntei
- Não virei, não. Eu nasci gay, só que naquele tempo não podia demonstrar, e Deus sabe o que eu passava. Estava gamado por você e não podia dizer nada... Divorciei-me e assumi minha verdadeira identidade, estou feliz agora, tenho um namorado que é uma maravilha.
A possibilidade de ser congênita essa tendência homossexual é provável, mas, ainda não consigo entender os homens que namoram e transam com gays, sendo heterossexuais. Seria um desvio de caráter ou, também, são gays "machos"?
O mundo repudiou, atualmente aceita, porém, dentro de pouco tempo terão que oficializar esse terceiro sexo tal o crescimento dessa gente tão diferente.
Durante todos os anos em que fui massagista de sauna gay sempre fui respeitado como profissional e, ainda hoje, tenho vários clientes que optaram por essa preferência sexual.
Noto que são inteligentes, bem sucedidos em suas vidas profissionais, bem situados economicamente, donos de percepções sensíveis enveredam no campo das artes com sucesso, com suas obras conseguem ressaltar muito mais a beleza do que os artistas "normais".
Bichas e sapatões estão conseguindo seu lugar ao Sol...

E-mail: cletotexto@hotmail.com


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