Os descontentes no mundo devem agradecer ao sr. Nobel, o inventor da dinamite, por suas carreiras suicidas. Os descontentes dão suas vidas para fazer a vida melhor para os outros - atrelam-se a bombas e vão pelo mundo afora explodindo-se para explodir os outros.
Além das mortes e mutilações, o que acontece é nada vezes nada. O mundo não vai ficar diferente, não vai mudar, não vai melhorar para ninguém. Até vai piorar - mais saudades dos mortos, mais ressentimentos e ódios entre os mutilados, mais réplicas e tréplicas balísticas.
Os descontentes no mundo não conseguem estabelecer uma base de trocas verbais - não sabem conversar, não sabem como falar com os donos do mundo, não sabem sequer onde moram. E por não saber nada disto, resolvem bombardear quem estiver mais perto: são os inocentes. Não tem, a grande maioria deles, sequer traços nenhuns de ligação com os mandantes do mundo. Morrem por estarem no lugar onde precisavam estar na hora errada de ali estar.
Os descontentes do mundo são pessoas infelizes que querem mais infelizes ainda - eis o seu legado.
Os descontentes no mundo perdem a batalha a cada vez que matam a si mesmos e a outros.
Mas não estão mais aqui para verificar isto. E seu legado é uma soma de erros, um acúmulo de assassinatos.
Enquanto isto, os donos do mundo continuam sendo donos e mandando.
Deve haver outra solução para aliviar o peso dos descontentes no mundo. Deve haver algo diferente de dinamite. Porque continuando assim, ninguém vai receber nenhum prêmio Nobel da paz. O nome paz vai refletir um ente imaginário, assim como Papai Noel e o Peter Pan, algo assim.
E o sr. Nobel, com sua invenção diabólica... estará no espaço, finalmente, em paz.
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Érica Eye
