Hoje, nada de poemas.
Estou farta de lembranças,
Trôpega de taças e beijos,
Fotografias.
Pretendo devorar a memória,
Como Cérbero inquieto,
Determinado ao abismo.
Ai, porque essa doçura me alcança ainda,
Se está perdida,
Se não pode ser tomada nos meus braços e pernas?
Abandonar a idéia – a visão do amor
Diluir no dia o rosto do amado,
Esmigalhar sua presença com gritos de raiva,
Pisotear todos arrepios.
Sempre ele volta
- como um mar de flores e perfumes
- um mar de amor
- um mar de poesia
Lanço ao tempo meu querer,
Jogo meus versos na vala do destino
Mas nada me fará perdê-lo do peito.
Covarde, minha alma grita.
Prefere o caminho pequeno,
Não ousa mostrar-se a mim
Não ousa lançar-se à fogueira.
Covarde!
Sabe que me tomou tão pouco
e ainda afirma que não me esquece!
01012002
|