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Cartas-->Os Direitos do Homem e a Revolução Permanente -- 07/06/2010 - 14:21 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os Direitos do Homem e a Revolução Permanente

5 05UTC Junho 05UTC 2010 por Tiago

[Apresentamos esta tradução graças ao advogado Frederico de Castro.]

Parte 1 de 4

Por Marcel De Corte

Marcel de Corte - filósofo belga, Doutor em Filosofia e Letras da universidade de Bruxelas, professor em Liège.
Os Direitos do Homem que nos trituram os ouvidos há dois séculos, e que encontram apoiadores inclusive entre aqueles que mais têm sofrido por parte dos Estados fundados em sua proclamação, não são nada mais que a Revolução permanente e universal.

É algo evidente. O espetáculo do mundo atual, que em todas as partes se apela a esses famosos direitos aos quais uns negam aos outros, é bastante eloqüente a este respeito. A pesar do otimismo bufão dos intelectuais que os propagam (e que vivem deles como parasitas), sem exceptuar aos clérigos da Igreja, a cada vez mais viva pressão desses Direitos do Homem tem rompido no interior de cada país os últimos restos da ordem social que os havia resistido, e desencadeando inúmeras matanças no planeta. Não nos deixemos enganar pela pretensa defesa dos Direitos do Homem que nos propõem o “liberalismo” contra o “totalitarismo”.





Apesar do otimismo bufão dos intelectuais que os propagam (e que vivem deles como parasitas), sem exceptuar aos clérigos da Igreja, a cada vez mais viva pressão desses Direitos do Homem tem rompido no interior de cada país os últimos restos da ordem social que os havia resistido, e desencadeando inúmeras matanças no planeta.
O “liberalismo”, longe de imunizar o espírito contra a tentação totalitária, lhe transmite o vírus da enfermidade profundamente, uma vez que a imensa maioria dos homens já não se da conta de que sua proliferação engendra a anarquia e, sendo insustentável a anarquia, o totalitarismo estatal se constitui no ponto final dessa experiência. Os países comunistas são prova disso: hão passado do “liberalismo” à anarquia para atingir o “totalitarismo” e, se bem aceitam verbalmente esses Direitos do Homem, é somente para apresentar-se ante aqueles que serão suas inevitáveis vítimas como os salvadores da ordem; mas de uma ordem mecânica que pressupõe a desaparição de toda vida social verdadeira.

O sucedâneo, o produto artificial substitutivo, haverá eliminado definitivamente qualquer viva realidade. Esta evidência, como todas as demais, necessita em certa medida ser demonstrada para o uso de todos aqueles que compreendem que a evolução do direito na época moderna, é aquela que vai do objetivo e real ao subjetivo e imaginário, mas que, todavia, ainda não se obscureceu completamente. Não será fácil. O homem moderno já não sabe que o direito é o justo: ius est quod iustum est; para ele, o direito é o que ele deseja, o que ele quer, o que ele exige em seu favor ou em favor do grupo do qual ele faz parte e que multiplica suas reivindicações individuais. Somente quem escapar a esse subjetivismo mediante algum esforço da inteligência sobreviverá ao imenso naufrágio da humanidade o qual se prepara “na alegria e na esperança”, como profetizaram com voz em grito os autores da constituição Gaudium et Spes no Concílio Vaticano II, com uma incurável cegueira.

O Conhecimento do Real

Para compreendê-lo, basta recordar que todo espírito ao qual não haja abandonado o senso comum o percebe imediatamente quando reflete sobre as diversas atividades que são suas, que se reduzem a conhecer e atuar. A primeira atividade do homem é o conhecimento das realidades que o rodeiam, e que não dependem dele, nem em sua existência, nem do que as constitui como tais: sua essência, sua natureza íntima, o conjunto de caracteres de seu ser respectivo; em resumo, o que faz que uma coisa seja o que ela é, e não outra. Conhecer é responder à questão – o que é? – que constitui a primeira atividade do animal racional. O homem conhece o real em primeiro lugar por meio da experiência sensível, que lhe revela sua existência, e logo por meio da inteligência, apreende no [no real] (ou se esforça por captar nele) seus atributos específicos, que lhe distinguem de qualquer outra realidade.



a verdade é a correspondência do pensamento com o real, que se reflete nele, por assim dizer, como em um espelho
A primeira e única condição deste conhecimento é o submeter da inteligência ao objeto que se propõe conhecer e ao qual se interroga. Tanto para o sentido comum quanto para a razão mais estritamente científica, a verdade é a correspondência do pensamento com o real, que se reflete nele, por assim dizer, como em um espelho (em latim, speculum). Por isso, se diz que o conhecimento intelectual é especulativo, ou também teórico, palavra procedente de um verbo grego que significa contemplar um objeto: em certo sentido, receber a sua impressão em um mesmo, ou no próprio espírito, ou assimilar ao outro ao espírito o que se pensa, sem que se deixe de ser o outro. Em términos técnicos, se dirá que o espírito, ao pensar a realidade e conformar-se a ela, libera ou abstrai dela tudo o que há de acidental, de mutável, de fortuito (o qual decorre da matéria sensível em todos seus aspectos múltiplos, móveis ou acessórios), para não reter nada mais que o conteúdo acessível à inteligência (necessário, imutável, constante, geral), com o qual se declara um juízo autenticamente verdadeiro.

O espírito incorporará vitalmente esse conhecimento a outros similares, e, de coerência em coerência, construirá em si mesmo uma ciência objetiva que nada deve às manipulações do sujeito cognoscente.

Deduz-se disso, que não há ciência além do necessário e geral, e que não existe ciência especulativa do contingente e do individual. O individual é o que fica ao final da operação abstrativa, um resíduo não assimilável pelo espírito e do qual somente nossos sentidos podem alcançar os aspectos materiais. É o tributo que ha de pagar a inteligência humana por estar encarnada em um corpo sem o qual a sua atividade especulativa não poderia alcançar o inteligível ínsito ao sensível, ao qual corresponde sua categoria.


Fonte: http://penademorteja.wordpress.com/2010/06/05/os-direitos-do-homem-e-a-revolucao-permanente/


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