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Cartas-->Bilhete Vermelho -- 02/06/2010 - 20:17 (Rose de Castro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BILHETE VERMELHO


Todo ano faço uma faxina em minhas gavetas. Mas não é uma faxina normal. É aquela em que me desfaço de tudo que não me serve mais ou que me fez sofrer. Desta vez demorei um pouco. Não consegui fazer no começo do ano. Fiz há pouco tempo. Dói ter que se separar de coisas que achamos que se chama “recordações”. Acontece que estas recordações não foram felizes. E já que não me faz bem, fora pro lixo!
Fiz a tal faxina em cada cantinho das minhas gavetas, tantos exteriores quanto exteriores. Fui queimando cada sentimento negativo, tristezas, mágoas e tudo que fazia parte do meu passado. Confesso que me sinto muito melhor assim. Mas – como sempre existe um, mas... – há uma gaveta que abri e nela contém um bilhete vermelho. Esse bilhete está guardado há muitos anos e nunca tive coragem sequer de abrir tampouco de queimar. Os anos se passaram e ele foi resistindo ao tempo. Ele não.... Eu! Nunca consegui desfazer-me dele.
Desta vez resolvi tomar coragem e abri-lo para queimá-lo. As mãos tremeram. O coração disparou. É como se eu voltasse ao passado. Fechei os olhos e toda estória voltou como num passe de mágica. Vou tentar resumir o acontecimento ou decepção. Podem chamar como quiser, pois, pra mim, dói até hoje.
Tive um grande amor, mas ele era comprometido e de sério mesmo, não existiu muita coisa. Sabia que ele tinha “alguém” e que eu nunca seria a mulher que o acompanharia em suas jornadas de trabalho. Eu era a “quase outra”. Na verdade o que houve entre nós foram alguns abraços e beijos. Tentamos até marcar um encontro que não deu em nada. Ele exercia uma forte atração sobre mim e sei que ele também me desejava. Era belo, sensual e possuía os olhos de “águia”. Profundos e enigmáticos. Estava sempre acima e além de qualquer situação. Não se abalava e era extremamente reservado. Como a águia não se aproxima da terra. Assim era. O mais incrível deste nosso relacionamento sem classificação é que quando eu pensava nele, ele aparecia como que por encanto. Eu dizia: “Estava pensando em você...” Ele sorria e falava: “Sinal que estamos em sintonia.”
Um dia o “MEU REI” – era assim que eu o chamava - disse-me: “Vou viajar para uma missão”. Tremi, chorei e sofri muito. Algo me dizia que nunca mais o veria. E este algo estava certo. Lá se foi ele e seu Navio Vermelho. Antes de partir eu disse para ele que faria um bilhete vermelho e que colocaria dentro de uma garrafa transparente e lançaria ao mar. A missão dele era achar. Fiz uma cópia deste bilhete e guardei comigo como lembrança. No bilhete estava escrito: “Quando você me achar, lembre-se que estarei pensando em você”. Os anos se passaram e como havia previsto o meu coração, foi a última vez que o vi.
Agora estou aqui queimando o bilhete e despedindo-me do passado. Já estava mais do que na hora desta lembrança partir. Não posso dizer que foi fácil ou está sendo fácil. Não. Não está. Pois sempre alimentei a esperança de que ele voltaria ou que me ligaria dizendo que achou a garrafa. Que coisa de criança!!!
Agora, depois de tudo consumado, ficou apenas um problema: Queimei o passado, mas a garrafa continua no mar com o bilhete, esperando encontrar seu destinatário.
E o mais irônico ainda: Estou deixando registrado este fato. É um desabafo. Eu sei. Mas publicarei.
Não adianta... você nunca irá desaparecer. Como a garrafa na praia, estará sempre boiando em meu coração.
É. Isto é que se chama “Paixão...”



Rose de Castro
Escritora, Ghost Writer e Poeta

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