E aí, vamos trocar?
Um homem de meia idade, trabalhador da construção civil, vivia a carregar sacos de cimento e toras pesadas na obra de um prédio que ajudava a construir.
Um certo dia, um outro homem que não conhecia,mas que por vezes aparecia na obra, chamou-o para conversar.
" Mas o que foi que aconteceu?", pensou, ansioso, o trabalhador, sem compreender o porquê daquele chamado.
E então o homem lhe disse:
— Sempre que venho aqui na obra vejo você pegando no pesado, trabalhando duro. Parabens pelo teu esforço e dedicação!
— Obrigado, senhor. — respondeu ele.
— Não precisa me chamar de senhor não. Pode me chamar de você.
Prosseguiu o homem:
— Só não concordo com uma coisa que você faz com frequência.
"Do que será que ele está falando?", perguntou-se em pensamento o trabalhador.
— Do que o senhor está falando?
— Me refiro às tuas reclamações! Você reclama demais. Sempre que venho aqui escuto você reclamar do sol, do salário, da chuva, do vento. Vive mal humorado. Agora, olhe pra mim. Estou aqui, nessa cadeira de rodas, sofrendo de um doença degenerativa. No entanto, não reclamo da vida. Ao contrário, agradeço todos os dias por estar vivo. — Posso te fazer um pergunta?
— Sim, claro! — respondeu o trabalhador.
— Quer trocar a tua vida pela minha? Vamos trocar! Te dou todo o meu império pra voltar a andar e ter uma vida normal, e você encarna no meu corpo! Vamos?! O que acha da prosposta?
Perplexo e envergonhado, o empregado lhe estendeu a mão para agradecê-lo.
E o homem disse: — Não consigo mover meu braço para te cumprimentar.
E concluiu: — E aí, vamos trocar?
Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de 2018.
Por Leandro Tavares
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