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cronicas-->A ESPERA -- 07/07/2001 - 21:33 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ESPERA
J.B.Xavier

Por sobre o banco onde estava sentado, pendiam galhos de chorões que iam até o chão, mas ainda assim, por entre essa maravilhosa prisão verde, eu podia ver os ónibus que chegavam, vindos de todos os Estados do país. coloridos, eles se misturavam num caleidoscópio maravilhoso de cores e formas,num magnífico balé de titãs. Às seis horas da manhã lá estava eu, sentado num banco da pequena praça que havia em frente à área de desembarque do terminal rodoviário de uma das maiores cidades do país. Muitos bons dias dei, muito acenei para os passageiros que ansiavam por liberdade, por fugir da clausura de horas e horas de viagens claustrofóbicas. sorri um riso amarelo, e acenei claudicante para os sorrisos das crianças, filhos de migrantes que vinham tentar a sorte na cidade grande. Mas não tive tempo de ficar triste, porque os galhos verdes, gentilmente manipulados pela brisa da manhã, acariciaram meu rosto ternamente, alisaram meus cabelos e farfalharam alegres, certamente gratos pelo sol que surgia por trás dos edifícios, numa promessa de um cálido banho de vida. Reflexos vívidos e faiscantes lascas de luz transformavam as poças da chuva da noite anterior em bateias repletas de esfuziantes diamantes. Como garimpeiro cuidadoso, toquei uma dessas jóias que pendiam frágeis na ponta de uma delicada folhinha que balouçava suavemente à minha frente. Gentilmente ela aceitou meu convite e, assim, de repente, eu tinha uma obra de arte na ponta dos dedos. Olhei atónito aquele universo minúsculo, aquela esfera perfeita, na qual Deus faz demonstrações magistrais de engenharia celestial e pude ver seus espelhos refletindo o mundo ao meu redor, como a lembrar-me de minha própria pequenez diante da beleza universal. Frágil, e com a certeza de já ter vivido o suficiente para tocar-me a alma, a pequenina gotícula chegou ao fim de sua eternidade e desfez-se diante de mim, restando apenas uma umidade em meus dedos, único sinal de que ela existira e ensinara-me algo sobre a sequência eterna dos ciclos. Uma brisa mais ousada veio me dar seu bom dia e o galho estremeceu num frenesi de prazer, feliz pela visita bem vinda. Apenas por observar esse encontro maravilhoso, fui ungido com a bênção de ter sobre mim as lágrimas de felicidade do orvalho remanescente. Então um grande e colorido ónibus surgiu entre os demais, e, numa janela ocasional senti, antes de ver, seu sorriso maravilhoso e as doces promessas de amor que dele rescendiam. Olhei durante aquela pequena eternidade que durou sua chegada e lembrando de Louis Armstrong, pensei comigo mesmo: que mundo maravilhoso!

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