O nosso coordenador de poesia nos deve, com urgência, um ensaio, e dos alentados, sobre a autonomia que as vírgulas acabaram conquistando em seus próprios versos, que - há que separar o joio do trigo - vão dar todos num precipício de rimas podres de ricas. Escolhi o último (como direi?) agrupamento de 3 versos. Como se chama mesmo? É terceto?
"Livre(,) o Poeta(,) sem tardança
Dá ao sonho(,) um par de dança...
E faz(,) o Universo(,) dançar."
[Ricardo Oliveira, "A dança dos poetas"]
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Num outro poema, que engalana os QAs, as "perplexidades" do título vão sobrar, é claro, todas, sem vaselina nem nada, para o esforçado leitor. Ao final do recado, sem nenhum recato, um brado retumbante aos pares, digo, ímpares, enfim, aos correligionários: "vamos poetar o Brasil".
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Mas basta de reflexões profundas acerca do fazer poético. Ocorre que o quadro está que é um "ferrrvo", com a auspiciosa chegada do capcioso Jec@. A mais empolgada, como sempre, é dona Milene, carinhosa e jecamente alcunhada de "cumadi milazur", ela saracoteia agora num roça imaginária. Minha Nossa Senhora da Aparecida do Norte, como exclamaria o recém-chegado, um frisson como há muito aquele sinteco não espelhava! E já há comoção popular em torno da eleição desse nome, digo, de seus textos, para a "antologia", de que mesmo? Se me obnubila até a compreensão, gente.
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Tem razão o Mingão, "há que separar o joio do trigo". Mas, vale perguntar, como se vai realizar a bíblica incumbência em futuro bem próximo, quando ambos, joio e trigo, geneticamente modificados, perigosamente se misturarem? Hem?
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E onde foi parar aquele "tradutor brasileiro do jornalista espanhol Gregorio K. Baratta"? Procuram-se urgentemente também os rastros luminosos de Denison (Souza) Borges, digo, punkgirl, e aquelas entidades todas que a ele se apegavam.
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Estou cada vez mais convencido (não, nada disso, a frase continua) de que dona Charliza Collina deve sofrer de uma perigosa e ulow-randapiana angústia da influência. E que é do Gus Patere? Quem nos salvará de tantos lapsos nas citações em latim? E aquele pândego do Pennfield Espinhosa, seus emelhozinhos sôfregos?
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Esse boooooom de lançamentos usineiros me faz acreditar na verdade, há tanto apregoada, de que papel aceita tudo. Dinheiro também.
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"Não há nada mais terrível que uma ignorância ativa."
(Goethe)
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E como o sr. Waldô se deu bem à pampa no meio dessa patota, não é mesmo? Dize-me com quem privas...
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Mas uma conhecida poeta do site já detectava, dia desses, perigosas fermentações intestinas. Cassandra que é, a referida já gritava aos quatro ventos seus piores presságios. Supõe-se que a chegada do Jec@, com seu humor bem nersodacapitinga, possa ter amenizado um pouco o clima de tensão que já se vaticinava por sob a puerilidade, posta em sossego, dos versos dos nossos corifeus. Versos, diga-se, perigosamente expostos nos QAs, antes, é claro, de darem o seu tchibum definitivo para o resultado de tantas árvores abatidas em vão, digo, as páginas das publicações que o site insidiosamente prepara.
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Pinço, logo és isto.
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"Ser poeta não é ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho "
(Fernando Pessoa)
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E o U-zine (36) termina com Ivan Junqueira:
"Não se extrai poesia do nada. Hoje todo mundo é gênio, sem suor, sem lágrimas, é impressionante."
"Acho que todo autor deveria ser tradutor por um tempo e prestar esse serviço à língua, principalmente numa nação monoglota."
"Ninguém hoje está criando nada de novo. Estamos apenas meditando sobre aquilo que já foi produzido."
"Ninguém é bom poeta se não for bom leitor e, num país como o nosso, de tradição fraca, esse diálogo com ela se torna ainda mais necessário."
Sobre a morte de Haroldo de Campos:
"Não muda nada. Acho Haroldo e Augusto intelectuais notáveis e tradutores notabilíssimos, mas não consigo ler a poesia que eles fizeram."
Sobre si mesmo, como pessoa:
"O homem Ivan Junqueira é um ser precário, efêmero, que perdeu o consolo da fé há muito tempo. Por isso, meus temas serão sempre a precariedade, a glória e a miséria da condição humana."
[Ivan Junqueira, poeta e tradutor, que lança seus "Melhores Poemas". Fonte: Folha Ilustrada, 08/11/2003.]
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Uma letra de música, ainda em decomposição. A seu tempo, chegará ao escaninho devido.
minha fome
é a fome
dos biscoitos finos
e ela sabe, acho,
que o buraco é
e ela sabe, acho
que o buraco é mais
e ela sabe, acho
que o buraco
é mais embaixo
como tudo
que cai na boca
passa pelo esôfago
e vai se decompor no estômago
e vai compor seus suínos
hinos intestinos
minha fome
é a fome
dos biscoitos finos,
e ela sabe, acho,
que o buraco é,
e ela sabe, acho,
que o buraco é mais,
e ela sabe, acho,
que o buraco
é mais embaixo
minha fome
é a fome
dos biscoitos finos
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Pedestal?
Pois eu nem sabia que aqui,
neste nosso cu de mundo virtual,
pudesse haver um.
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