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Cartas-->Uma carta-resposta aberta -- 29/04/2010 - 16:40 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UMA CARTA-RESPOSTA ABERTA

Meu caro amigo.

Estive pensando, e chego à conclusão de que posso crer que ainda não perdi o discernimento. Porque nada indica, em absoluto, que o tenha perdido. Muito menos o indica o fato de me recusar a contribuir com a campanha de José Serra, único entre os candidatos que, na verdade, enfrentando-a nas urnas, terá condições de impedir a indicação de Dilma Rousseff para o comando de nosso País durante os próximos longos e difíceis anos que nos esperam à frente.

Nada. Nem mesmo o fato de recusar-me a aceitar que eleições ao máximo cargo executivo (assim como a quaisquer outros cargos políticos) seja um concurso válido caso apenas se destine, como vem acontecendo em nosso País, a referendar, nos currículos dos indivíduos candidatos que se nos exibem, as virtudes e os vícios que lhes possam ser atribuídos; ou o de não considerar eleições quaisquer como mais importantes que a consciência que possamos ter de que elas não existem por si mesmas e não estão isoladas dos demais fenômenos políticos, mas, sim, são parte de um processo que a elas nos leva e, portanto, extraem as possibilidades que seus resultados oferecem exatamente das condições desse processo; ou o de considerar que, se tal processo iniciar em um erro e se fizer e se demonstrar errado, eleição nenhuma nele mesmo poderá resultar em algo correto, bom ou adequado — todas elas estarão viciadas e viciarão os seus resultados.

Nada disso indica que eu não esteja gozando de perfeito juízo.

E o que venho dizendo é que pouco importa ao nosso País qual seja a “opção” que você, eu e outro qualquer tomemos neste momento — importa apenas que ninguém mais se iluda e que ninguém mais se limite a pôr um voto na urna e, em seguida, permaneça "torcendo muito para tudo dar certo". Porque processo é processo, e nada “dará certo” se concebido a partir do erro e contando com erros que insistem em produzir outros erros mais como instrumentos — ou dará certo, sim, somente aquilo que, para todos nós, for o pior.

Neste momento, porém, considero que o pior que se poderá fazer será impor ou tentar impor silêncio seja sob que pretexto for.

Coloquei, recentemente, na internet, dois longos textos meus a respeito das únicas opções de voto que considero válidas nesta próxima eleição e da única forma como elas podem e devem ser encaradas. Espero que você os tenha lido por inteiro, que lhes tenha dado atenção e não tenha se negado a divulgá-los. Eu me dirijo a um grupo muito restrito que, apesar de ser bastante heterogêneo, abriga indivíduos que possuem objetivos coincidentes, pelo menos se delineados em traços largos. Muito mais que ponderar votos, pondero o dia seguinte a eles. Alguns de nós estamos apenas, mas sempre, insistindo em levantar a discussão a respeito de uma situação nacional estrutural, não conjuntural, que é gravíssima e mais se agrava a cada dia quer passa. E ninguém, cuja opinião eu divulgue, estará nem estarei eu tentando influenciar o voto de quem quer que seja em quem quer que seja — um voto é uma questão de consciência, não de bom gosto.

Precisamos, nós todos, discutir o nosso País, urgentemente, cotidianamente, e procurar meios de nos esclarecer cada vez mais e cada vez mais poder esclarecer a nossa população, não mais aceitando quaisquer formas de mantê-la iludida ou de ainda mais iludi-la. Precisamos nós, os que temos alguma noção do que ele possa representar e temos alguma expectativa. Mas o nosso próprio esclarecimento dependerá dessa discussão. Se insistirmos em apenas nos limitar a escolher o "mal menor" a cada eleição ou se acreditarmos que isso possa ser o suficiente, considerando que a política nacional seja algo que se faça independentemente de nossas posturas e nossas iniciativas, breve chegará o momento em que teremos que escolher entre um filho do demônio e seu cavalo — se é que este momento já não chegou.

Cumpro, nos limites de minha formação e meus conhecimentos, o que julgo ser o meu dever, tentando desmistificar a realidade e conclamar a essa discussão tão necessária. E sou de opinião de que qualquer um que se manifeste nesse sentido também estará cumprindo o seu. Esse nosso dever poderemos cumprir, todos nós, com serenidade, objetividade, coragem e a elegância que ainda nos seja possível manter dada a situação nacional, que é desesperadora, só não vê quem não quer ver.

Não declarei meu voto, nem pedi que você me declarasse o seu, nem me desculpo por isso, nem tenho a lhe desculpar coisa alguma. E respeito, sim, um voto no considerado "mal menor". Não há por que não respeitá-lo. É uma “opção”. Hoje, é como outra qualquer. E um voto em qualquer “mal menor” não inclui necessariamente fazer campanha desse "mal menor", campanha essa que é apenas um mal a mais e necessariamente reforçará e perpetuará o mito das elevadas virtudes de candidatos que nada de novo nos têm a dizer e de seus partidos todos comprometidos com um processo que nos vem levando a lugar nenhum — mito que não só é falso como nos é e vem sendo comprovadamente danoso. Nem inclui esperar algo extraordinário daquele que for levado à Presidência — nem mesmo que se comprove como sendo, efetivamente, o “mal menor”, caso assim possa ter sido definido no entender da maioria.

No entanto, como apenas o bem maior é absoluto, e o considerado "mal menor" será sempre relativo, é de se esperar que aqueles que pretendam votar no “mal menor” devam respeitar qualquer "opção" que venha a ser tomada a qualquer tempo por quem quer que seja, ainda mais se estiver conforme uma linha de conduta defendida e mantida há muito tempo, sem que campanhas eleitorais estivessem em pauta ou em jogo — o que implica aceitar as opções que o candidato que ajudaram a eleger tome durante seu mandato.

Na verdade, qualquer “opção” que façamos neste momento frente à urna será, de fato, opção nenhuma, mas qualquer delas poderá ser válida desde que haja um engajamento permanente em uma luta que deve ser permanente, contínua, sem interrupção em benefício de nosso País. Seja como for e ao fim de tudo, o que a História nos exige agora é repudiar de forma absoluta e radical o avanço do poder de grupos de safados espertos mancomunados com grupos de selvagens e terroristas usando todo o poder que ainda possamos ter — o que não se faz em apenas um dia de pé na fila de uma seção eleitoral. E significará que não poderemos continuar nos contentando com escolher entre os seis e a meia-dúzia que nos dão — e essas são as palavras corretas: "que nos dão"! — como alternativa a cada quatro anos.

Mas quem vem aceitando e permitindo essa única alternativa? Nós mesmos e ninguém mais que porventura possamos crer que se coloque sobre nós.

É preciso que compreendamos, de uma vez por todas, que apenas nós, os brasileiros que nos dizemos conscientes, somos os responsáveis pelo que ocorre e possa ocorrer em nosso País, ninguém mais. Assim como é preciso e é urgente que comecemos a permitir que nossas cabeças capazes se esforcem bem mais do que vêm se esforçando no sentido de encontrar soluções a nossos males, deixando os lamentos e as furiosas indignações, que invadem nossas caixas de correio virtual sempre que os eleitos se demonstram ser quem são e representar o que representam, para aqueles que estão muito atarefados, dedicados a cuidar de seus próprios pequenos assuntos.

Quanto a uma união consciente e firme em torno das soluções de fato que possam ser por nós aventadas para problemas de fato, apenas as obteremos no dia em que obtivermos a nossa união, consciente e firme, em torno a quais problemas nacionais reais enfrentamos, todos nós. E apenas nos será possível encontrar essa união se começarmos a procurá-la firme e conscientemente, sem confundir essa sadia e imperiosa tarefa com uma necessidade doente de que nossa população seja convencida, a cada quatro anos, a tapar os buracos em que ela mesma se enterra com nomes quaisquer que permitam que neles tropecemos.

É isso, pois. Todo mundo respeitando todo mundo, mas todo mundo de olho no amanhã, pois não há decreto que permita que o amanhã desminta o ontem. Ou permita que o hoje seja desmentido.

Abraço meu,

VaniaLCintra



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