Da infància encantada ao adulto eterno aprendiz, tornei-me escravo de todos os abusos. Nunca vi algo parecido à floresta densa de conflitos perdidos nos desencantos dos cantos afastados da civilização. Fui além do limite da linha de conflito e de paz, saltei cambalhotas e gritei ao mundo. Mudo saí no individual imundo que suja as mãos e limpa os pés. Do absoluto não herdei nada e carrego comigo uma infinidade de incertezas na estonteante relatividade dos mãos que recebi. Aflorei sem pólen e caminhei sem raízes. Nem o Espírito Santo estava mas abençoei o abençoado e no caos, tive a paz. No olho do furacão, "tudo é divino, tudo é maravilhoso". Se houve culpa, dissolveu. Pereceu e pareceu com dores feito mulher em parto que se despede do filho a deixar suas entranhas. A culpa quem trás ou leva na porta aberta, já não importa pois o sumiço é certo porque na certeza do que foi dito, pesou o que deixou por fazer para ser real. Irreal é o que há de real nas folhas de um personagem que desfila nas páginas do escritor que abre e de si, aniquila. Não há despojos nas entrelinhas que aquecem o poema da fome de amor que nutre a ànsia de uma dia se fartar no banquete exposto e imposto cobrado. Fome nutre e sede mata a dor dela impiedosa a grassar na guerra humanitária desigual e parcial. Castelos, palácios são preservados da fome importada e maravilhas são expostas. Misérias são escórias da fome de amor comunitário e o bem vê o mal ir além do limite do que vem a ser irmandade. O poeta está com fome e sede entretanto continua encantado com a vida que há na guerra e nela visualiza a paz trazida para fora de si. Não conta e não abre mão das inúmeras vezes em que deixou de vê-la, pois que a resistência essa é forte e insondável para quem nela se aventura. E se a deixou vazar, foi por descuido que o cuidar permitiu sem forçar o que é intransponível. Não revelou o segredo de sempre manter-se na fome, desde que a sede não o exterminar-se e se viu entre as duas. Companhia nunca lhe faltou, embora distantes estivessem deixavam registro nos escritos do poeta.