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Contos-->Estranha Loucura -- 02/11/2001 - 07:43 (Poeta Maldito) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Foi na metade de julho que me ocorreu de escutar alguns barulhos estranhos nascentes da cozinha. Eu já estava na cama pronto para dormir, quando escutei aqueles barulhos bem baixos. Que só pude ouvir porque já era noite. Me levantei ...
E lá foi ele, trocando os pés de sono, até o local onde pensava estar vindo o barulho. Ao acender a luz da cozinha o barulho que já estava perto desaparecera. Com o sono que ele estava não ligou muito. Tomou um copo de água e voltou para cama. Onde iria dormir sozinho.
... E fui até a cozinha na ânsia de cessar com barulho. Mas o que encontrei não foi nada que eu poderia fazer parar. Tomei meu copo d água e voltei para cama fria. Chovia lá fora, mas essa não é uma estação de chuvas e até aquele ponto do mês, todos os dias choveram. Começava a chover sempre a partir das seis horas da noite. A chuva não era grossa, mas era persistente. Parecia lavar a noite, bem calmamente.
Sim, chovia muito naquele mês. Mas o mais inexplicável para ele não era a chuva que continuava noite após noite mas sim aquele barulho se repetindo, sempre algumas horas depois da chuva. Aquilo começou a irritá-lo...
Eu me lembro que continuava gostando de uma boa música, mas ultimamente não encontrava tempo para escutar. Minha família, que possuía muitos bens, sempre me levou às óperas. E este barulho, que me irritava tanto, me fez lembrar das primeiras vezes que me forçaram ir à concertos. Uma noite então eu saí antes daquela chuva começar...
Ele estava muito cansado quando chegou do trabalho. Seus clientes pareciam ter se multiplicado. Foi chegando em casa percebeu que havia esquecido de comprar o jantar. E que fome, que fome ele estava, mas também como estava cansado. Olhou na geladeira e não se lembrava de vê-la tão vazia. No armário da dispensa também não tinha nada. Teria que sair para comprar, talvez aquele restaurante perto do trabalho. Desse modo, lá foi ele buscar seu jantar. Saiu antes da chuva, mas já era noite...
Eu resolvi jantar em um restaurante, que parecia ser muito bem freqüentado. Este ficava na mesma rua que meu escritório, uma longa rua. Sai, mas quando fui aproximando do meu escritório notei a luz acesa. Como estava muito cansado pensei que poderia ter esquecido acesa. Parei o carro em frente, mas do outro lado da rua. Assim lá fui eu. Quando estava abrindo a primeira porta do escritório, a chuva começou. Acabei de abri-la, entrei e fechei. Devia completar aquela tarefa. Mas porque eu estava tão ansioso para terminá-la. Seria por causa da chuva, com medo de escutar aqueles barulhos novamente. Medo seria uma palavra muito extrema, talvez, sentia era nervosismo. Fui pensando e andando até chegar ao andar superior. Levei a mão no bolso para pegar a chave. Escolhi a correta no meio das outras, mas quando encaixei-a na fechadura, a luz que passava por debaixo da porta, se apagou. Fiquei estático, tentando ouvir algum barulho do lado de dentro. Mas o único que escutei vinha da porta de baixo. Fui descendo devagar as escadas, que já velhas, rangiam um pouco. Quando já podia ver a porta, percebi que alguém a batia. Seria o barulho que vinha escutando? Eu queria abrir mas ...
Ele sem dúvida estava com medo. Estava sentindo um frio na barriga. A luz apagada daquela sala aumentava seu receio. E o medo aumentava. A luz e o barulho. Aquele insistente barulho. Ele queria sair mas para onde? De repente ele começou a escutar alguém descendo as escadas que davam na sua sala. A dúvida de que antes havia alguém em sua sala se concluiu em verdade. O ranger da escada vinha devagar e encontrava com seu ouvido. O desespero. O pânico. Tomavam parte do seu corpo. Ele tremia como os covardes. Foi nesse momento que resolveu tomar uma atitude. Se levantou. Olhou para a janela lateral. Começou a correr naquela direção. O frio na barriga aumentou surpreendentemente. E ele em todo seu pânico, não percebeu um pequeno banco no caminho. Tropeçou e caiu. Ele caiu e de tanto medo, pânico, e desespero sentiu suas pernas molharem com a própria urina. Ele então ficou imóvel, como se estivesse morto. Não mexia um músculo. Se quer, respirou. Queria que tudo acabasse logo. Que o matassem se fosse preciso para acabar com a angústia. E de repente aquele barulho na porta cessou. E as escadas pararam de ranger. Ele ainda não acreditava. Com a cabeça sob as mãos ele ainda permaneceu alguns minutos. Estava ali naquela situação horrível, deprimente. Mas tudo parecia ter voltado ao normal. Foi levantando a cabeça bem devagar...
Certamente aquela foi a maior emoção que eu já tinha passado. Estava acabado. Me levantei, me recompus e tentei raciocinar no que tinha acontecido. Ao mesmo tempo fui saindo do lugar. O susto foi tão grande que a fome até passou. Tinha que voltar para casa. A noite estava ficando fria com aquela chuva. Ao chegar em casa tomei um banho e descrevi na minha mente toda aquela cena. Era tudo inacreditável. Foram só barulhos o que escutei e no entanto me apavorei. Devia estar meio louco. A minha fome voltara, mas eu me contentei com os biscoitos guardados na gaveta. Chegava as dez horas da noite e eu que sempre dormira cedo estava sem sono algum. Eu ficava relembrando do que havia acontecido. Talvez uma música me relaxaria. Coloquei Mozart. As noites estavam cada vez mais frias. Tudo por causa dessa chuva. Essa chuva que ninguém explica. Por que sempre à noite? De vez em quando um vento ainda zumbia lá fora. Sem esbarrar em nada. Me mostrava que não havia nada lá fora. "Você tem que dormir", minha consciência me dizia. Mas como? Parecia que eu iria passar a noite toda em claro. Até que...
Ele estava com uma cara de sono. Mas parecia fazer vigília, com medo que alguma coisa o acontecesse. Mas ele não conseguiu agüentar muito. Bebera algo também. Até que dormiu. Dormiu sentado numa poltrona antiga, que deveria até ser de algum parente. Dormiu escutando a música. Parecia estar mesmo com sono. Aquele tormento que ele passara devia tê-lo deixado exausto. Ele que sempre foi um homem muito trabalhador. Sempre fora o mais honesto. O mais franco. E era tão inteligente! Sempre foi muito certo. Sempre fazia tudo certo. Nunca errara. Ele sempre trabalhou muito para ter tudo que sempre quis. Se imaginava rico, em uma casa grande, com aquela mulher que sempre imaginara. Sempre fez tudo para isso. E agora ele estava ali tão quieto dormindo. Aquela garrafa, com aquela bebida. A música estava baixa. Nenhum amigo o visitava a tempos. Dormia tão profundamente que parecia até estar morto. A chuva ia diminuindo lá fora. E a música ia chegando nas últimas notas.
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