Usina de Letras
Usina de Letras
73 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62192 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10352)

Erótico (13567)

Frases (50598)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Bandoleira Estrangulada -- 08/10/2017 - 13:24 (LEANDRO TAVARES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

Bandoleira estrangulada

 

     Fim de madrugada. Alvorada no horizonte.

     O sanhaço cantava no galho do cajueiro e a água do Rio Jangal desembocava na lagoa azul.

     Um pé de goiaba postava-se na beira da lagoa. No pau da goiaba, um outro sanhaço cantava. Na moita que se avizinhava, o zaralho cagava no pau de jacarandá seco—melindrado. Precisava limpar-se. Ao redor, folhas de urtiga—somente. Sabia que a água era estranha, ácida—de baixo P.H. Avistou uma tora de madeira na beirada da lagoa. Zaralho, dirigiu-se a ela, com as calças arriadas. Despiu-se por completo, pisou a margem, afundando no barro os pés descalços. A água gelada arrepiou seus pelos, fazendo-lhe encolher os bagos. Urtiga ou água ácida? A segunda opção seria menos catastrófica. Como é complicada a vida de um cagalhão! Caminhou rumo ao fundo. Água no nível dos joelhos—molhou os pulsos e a nuca.  Três passos adiante, água no peitoral—congelando.

     Ofegante, bateu pernas e braços. De nada adiantou. Foi até o talo.

     Fora engolido pela lagoa azul.

     — Onde estou? — perguntou ao ser iluminado.

     — No purgatório, ora!

     — E o que me resta agora, senhor?

     —Simples, meu filho: —Tá no inferno, abraça o capeta!

     E o diabo, empolgado, deu-lhe um abraço apertado, estrangulando, sem piedade, sua alma bandoleira.

 

Rio de Janeiro, 07 de outubro de 2017.

Por Leandro Tavares

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui