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Cronicas-->O homem das cavernas -- 28/06/2001 - 14:01 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Outro dia saí com minha esposa. Fomos cobrar uma conta relativa ao fornecimento de massas para pizza a um dos maiores supermercados de Belém, um dos maiores do Brasil. Em lá chegando, com a expectativa de que nos pagassem, já que esses caras donos de supermercados adoram enrolar os pequenos fornecedores, porque vão cobrar pessoalmente e receber em "cash" os pagamentos, fomos informados que naquele dia não haveria pagamento.

Voltamos outro dia. Nada. Depois de várias idas e vindas sem recebermos, já prestes a explodir com a secretária do supermercado, ainda mais quando soubemos que aos grandes fornecedores eles pagam via cobrança bancária, em faturas, e se não o fizerem correm o risco de os títulos serem protestados, e o nome enviado pro serasa, etc..., enfim, quase explodindo de raiva, eis que encontramos com uma figuraça, seu Vianna.

Foi a salvação da lavoura naquele dia. Ele mesmo já havia experimentado várias idas frustradas ao supermercado, fornecedor que é de pães carecas (ou franceses, no resto do Brasil).

Nordestino do Rio Grande do Norte, com seu sotaque peculiar puxou conversa enquanto aguardávamos. Começou relatando que, dias antes, sofrera um assalto juntamente com outros clientes em um banco no bairro onde mora. Descobrimos que moramos no mesmo bairro. Contou-nos seu Vianna que, no momento do assalto, estava perto do caixa, falando no celular. Percebeu que a funcionária do banco insistentemente pedia que ele desligasse o aparelho. Sem muito "ligar" para os pedidos, depois de muitos apelos, ele indagou: "Por que tenho que desligar, estou incomodando?". A funcionária, aflita à visão de um marginal de arma em punho, disse-lhe: "Não, é que estamos sendo assaltados!" Foi aí que seu Vianna se "tocou" que estava bem no meio de um assalto. E deitou no chão com os outros clientes.

Mais na frente da conversa, relatou que já foi assaltado tantas vezes em sua padaria que, disse, parecia ter feito sociedade com os bandidos, e todo mês eles vão ao seu comércio pegar sua parte. Por causa de tanta violência, afirmou: "Estou prestes a me mudar pra minha pequena terra e morar dentro de uma caverna. Pelo menos dentro de uma caverna não tem polícia nem bandido..."!

Seu Vianna está tão traumatizado com os assaltos que quando avista um indivíduo indo em sua direção, pensa: "vou ser assaltado..."

Nesse momento todos os que o ouviam já tinham explodido em gargalhadas, relaxados pela maneira quase infantil como ele contava suas experiências.

Brindou-nos com mais uma pérola de bom humor diante das agruras da vida cotidiana. Disse que conheceu um homem preguiçoso, e falou pro tal: "Rapaz, se queres ganhar dinheiro vai trabalhar. Procura um parente teu no interior, pede um pedaço de terra. Vai plantar ou criar algum animal. Cria galinhas, e enquanto elas não crescerem pede emprestado algumas do teu vizinho, te alimenta, e diz pra ele que quando as tuas crescerem pagarás as que consumiste."

Diante de tamanha falta de seriedade de um homem que já viveu momentos de terror sob a mira de revólveres, eu e minha mulher concluímos que a melhor maneira de esquecer os traumas de um vida cheia de complicações, é se desligando um pouco do mundo, nem que seja pra imaginar a possibilidade de o mundo voltar à rude pureza de quando os homens viviam em cavernas, pra onde bem queria ir o seu Vianna.
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