Quando se lê alguma coisa da suave Maria...
Falo, aqui, da Petronilho.
Portuguesinha hábil nas palavras, dócil nas frases e sábia nas citações.
Maria trouxe à usina um poema de o "Príncipe dos poetas alagoanos", Jorge de Lima, que em "O acendedor de lampiões" iluminou a minha vida de menino solitário. Não aquele que ficava deitado à sombra das laranjeiras, ou entre bananeiras, no quintal, mas, num apartamento esfumaçado entre as ruas da grande São Paulo.
Neste sábado de feriado, dedicado à Proclamação da República, leio Maria e fico a analisar sua impecável e simples forma de escrever.
Seu linguajar em nada difere do português brasileiro. Ao contrário de um, que, quando se lê acredita-se estar lendo
alguma mistura de português com japonês...
Um beijo, Maria!
JP
PS. Hoje teremos a famosa "bacalhoada à la Maria", pela terceira vez...
Que pendor!
"Assim serei eu, portuguesa
Que antiguidade circula
Em minhas clássicas veias
Feitas de tanta mistura!
De línguas entrelaçadas
De ruelas estreitinhas
De velas azuis e brancas
De receitas tão só minhas
Que fazem de pão com ervas
O aroma das cozinhas
O deslumbre das papilas!
Tendo nascido num porto
Dos mais ancestrais do mundo,
Afaço-me ao mar... e canto!"
Almada, 14/11/2003
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