Um dos argumentos que o Partido dos Trabalhadores mais utiliza em prol de sua tresloucada reforma previdenciária reside em uma suposta “coerência” entre o texto em vias de ser aprovado e o posicionamento histórico dessa agremiação partidária. Segundo asseguram os membros de sua cúpula, o PT sempre teria sido favorável ao sistema previdenciário que propôs. Os servidores públicos e outros desmiolados, incapazes de enxergar um palmo adiante do nariz, é que teriam extraído de seus próprios sonhos a resistência do PT a mudanças no sistema previdenciário.
Pois bem. Transcrevo a seguir, sem nenhum juízo de valor, sem nenhum comentário, a conclusão de um documento intitulado “Reforma da Previdência – o que muda para o trabalhador e para o servidor”, que leva a assinatura do deputado José Pimentel, relator da reforma previdenciária petista na Câmara dos Deputados.
“A Reforma da Previdência, no seu aspecto central, é sinônimo de prejuízo. E os mais prejudicados são exatamente os brasileiros que começam a trabalhar cedo, ganham pouco e sobrevivem na esperança de um dia se aposentar.
O pior é sabermos que, do ponto de vista do equilíbrio das contas e da superação da crise crônica da previdência, a reforma de FHC em nada contribuirá. Não ataca nenhuma das causas dos problemas que, como estamos cansados de saber, são as fraudes e irregularidades constantes em procedimentos primários como o repasse da contribuição previdenciária de milhares de empresas que a sonegam sem nenhum temor de punição.
Pelo que faz e pelo que deixa de fazer, a única utilidade da reforma é ‘asfaltar’ o caminho por onde os grandes grupos econômicos, especialmente bancos e seguradoras, seguirão para explorar comercialmente esse inesgotável filão e fonte de lucro que são os serviços previdenciários.
Tudo isso a custo do sacrifício de quem trabalha e vive de salário. A custo da quebra de conquistas e direitos de trabalhadores ativos e aposentados, que foram eleitos o alvo preferencial das armações do governo FHC. É por isso mesmo que devemos resistir e lutar, fazendo oposição às políticas nefastas e aos seus mentores, em todos os campos que a democracia nos permitir.”