Há cem anos, os primeiros imigrantes japoneses aportavam no Brasil em busca de uma vida melhor. Hoje, milhares de descendentes de japoneses fazem o caminho inverso. Os decasseguis, como são chamados, nem sempre encontram o que esperavam. É no auxílio a estes imigrantes que trabalha o Padre salesiano Evaristo Higa, natural de Campo Grande (MS). Na cidade de Hamamatsu, estado de Shizouka, ele fundou há 14 anos o Grupo Esperança, entidade que ajuda brasileiros e também japoneses pobres, moradores de rua. Em visita ao Brasil, Padre Higa concedeu entrevista ao Padre Luiz de Liberali, da Inspetoria do Nordeste.
Boletim Salesiano – Quando e porque o senhor foi para o Japão?
Padre Evaristo Higa – Fui enviado pela Inspetoria Salesiana de São Paulo, como missionário, em 1993. Deveria ficar por três anos, mas acabei permanecendo até hoje.
BS – Como é o seu trabalho?
Padre Higa – Atendo os brasileiros que foram trabalhar no Japão. Hoje há no país mais de 320 mil brasileiros e, na cidade onde moro, Hamamatsu (a 200 km ao sul de Tokyo), são 19.800 brasileiros numa população de 600 mil habitantes. Além de Hamamatsu atendo mais nove cidades da região.
BS – Como vivem os brasileiros entre os japoneses?
Padre Higa – Os brasileiros têm uma dura jornada de trabalho e praticamente vão da fábrica para casa. Não têm muito tempo de folga e acabam vivendo quase que num gueto. Muitos só falam o português. Têm brasileiros que trabalham todos os dias, só tendo folga domingo depois do almoço.
BS – Quais as maiores dificuldades?
Padre Higa – As dificuldades são muitas: a barreira de língua, culturas e valores, o excesso na jornada de trabalho. Tudo isso acaba afetando a vivência familiar. Temos muitas separações de casais, problema da educação dos filhos e a delinqüência juvenil, drogas, roubos etc.
BS – E os avanços conseguidos?
Padre Higa – Vivendo em uma sociedade diferente e nesta situação, muitos acabam procurando Deus e se tornam verdadeiros agentes de pastoral... Outro ponto importante é que até o ano passado eu estava a serviço da diocese local, mas, em 2007, a Inspetoria Salesiana do Japão assumiu o trabalho com migrantes e isso foi uma grande conquista. Estamos já construindo um Centro Juvenil para os estrangeiros em Hamamatsu; iniciou-se a comunidade salesiana onde antes não havia. Mas precisamos de mais salesianos que falem o português: quem sabe possam ir alguns missionários brasileiros por dois ou três anos para fazer essa experiência no Japão?
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Salesianos no Japão
A inspetoria são Francisco Xavier, no Japão, conta atualmente com 118 salesianos de Dom Bosco, em 14 obras. A inspetoria foi fundada em 1927. Dois anos depois, mais precisamente em 16 de dezembro de 1929, chegaram à “terra do sol nascente” as primeiras Filhas de Maria Auxiliadora. Inicialmente, elas auxiliavam os trabalhos das casas dirigidas pelos salesianos de Dom Bosco. Em 1931, abriram as primeiras obras independentes, um asilo para meninas pobres e recém-nascidos em Beppu e uma escola materna em Miyazaki, no sul do país. A Província Alma Mater foi canonicamente erigida em 1952, com 5 casas, 72 irmãs e 30 noviças.
Outro ramo da Família salesiana presente tanto no Japão como no Brasil é o instituto das irmãs da caridade de Miyazaki, fundado no Japão em 1937.
Fonte: Boletim Salesiano – Brasil, Novembro e Dezembro de 2008, Ano 58, N.º 6, Página 24.
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Nota:: O Padre Evaristo Higa trabalhou, em Araras (SP), no período de 06/02/2002 a 31/12/2002, como diretor do Santuário Sagrado Coração de Jesus, Oratórios São Luiz e Dom Bosco.
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“Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”
LUIZ ROBERTO TURATTI.
