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Artigos-->Revista Veja e Pompeu de Toledo, palpite infeliz! -- 05/11/2003 - 21:13 ( Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Noel Rosa não foi a Israel 





Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do céu, que palpite infeliz...

Noel Rosa - Palpite Infeliz

Noel de Medeiros Rosa nunca foi a Israel nos menos de trinta anos que viveu. Se não me falha a memória o lugar mais distante em que ele esteve foi Belo Horizonte, para tentar curar-se da tuberculose que acabaria matando-o.

Noel nunca esteve em Israel até porque Israel não existia na época em que o Profeta da Vila viveu. Entre 1910 e 1937 o que existia onde hoje é Israel era apenas uma província árabe. Até 1918 em mãos do Império Turco-Otomano e depois até 1948 em mãos de outro império, o Britânico.

Atemporalidades à parte, se Noel Rosa fosse profeta além do apelido e se fosse conhecedor da história do futuro Estado de Israel e do que se diria sobre ele, teria desistido de dedicar seu famoso samba Palpite Infeliz a Assis Valente e o passaria com louvor para o articulista de Veja Roberto Pompeu de Toledo.

Roberto não mente. Roberto não fala nada que já não tenha sido dito anteriormente por outros articulistas. Entretanto compôs um amontoado de asneiras que não poderiam passar em branco. Quem acompanha as crônicas de Pompeu de Toledo sempre na última página de Veja sabe que o articulista em questão jamais poderia ser incluído no ról de caluniadores profissionais que pululam em nossa Imprensa. Mas a desinformação dele salta aos olhos de quem verdadeiramente conhece Israel e sabe do drama que lá ora se desenrola.

Pompeu de Toledo faz uma velha ilação sobre o Muro de Segurança que está sendo erguido lá e o velho Muro de Berlim. E as intenções do articulista ficam bem claras no momento em que ele repete o chavão "campeão de truculência" ao se referir a Ariel Sharom. E não pára por aí.

Roberto vai a Roman Polanski e seu recente O Pianista para dizer que Israel está enguetando os "palestinos". É aí que Pompeu de Toledo se estrepa.

Gueto era um lugar de confinamento onde os judeus eram encarcerados contra a sua vontade. O muro que Israel está erguendo NÃO CERCA O DITO TERRITÓRIO PALESTINO, MAS SIM O PRÓPRIO TERRITÓRIO ISRAELENSE. Ou seja, se há algum gueto sendo formado com este muro, então são novamente os judeus que estão sendo cercados, e não o contrário.

O muro de Israel tem uma função clara. Não sei se Roberto Pompeu de Toledo já teve oportunidade de saber, mas Israel é vítima de uma coisa chamada TERRORISMO. Em Israel, pessoas plantam dinamite em seus próprios corpos e detonam-se em lugares onde possam fazer o maior número de vítimas. Será que Pompeu de Toledo já ouviu falar no terror palestino?

Outra coisa: Roberto Pompeu de Toledo mora num país de oito milhões de quilômetros quadrados. Estando em São Paulo, no edifício da Editora Abril, Pompeu de Toledo está há alguns milhares de quilômetros da fronteira nacional mais próxima. E mais: O Brasil não está em guerra com nenhum de seus vizinhos.

Pompeu de Toledo finge ignorar que Israel é menor do que o menor dos estados da federação brasileira. Sergipe é maior territorialmente do que toda Israel. De carro, para chegar à cidade de Campos dos Goytacazes que fica dentro de meu próprio estado, eu levo mais tempo do que levaria indo de Eilat a Hermon. Eilat é a cidade mais ao Sul de Israel, junto ao Egito. Hermon é um lugarejo perdido na fronteira com o Líbano. Dizer "de Eilat a Hermon" é como falar em "do Oiapoque ao Chuí". Só que em escala infinitesimamente menor.

Esta é a primeira das muitas situações que Pompeu de Toledo ignora em seu artigo. Ele esquece que há uma guerra não declarada naquele país que dura 55 anos e esquece de que maneira e com que armas os inimigos deste país menor que Sergipe o atacam.

Pompeu de Toledo fala da relutância com que Israel recebe as decisões da ONU. Mas esquece que foi a recusa em aceitar uma resolução da ONU por parte dos países árabes que originou este conflito. Pompeu de Toledo esquece que se os "palestinos" tivessem acatado o que a Assembléia Geral da ONU determinou em 1947, hoje haveria uma estado palestino tão antigo quanto o estado judeu. Esquece ainda que a mesma ONU, por pressão dos países árabes, considerou o sionismo como uma forma de racismo por mais de 20 anos. Ele se espanta com o fato de Israel fazer da ONU lana caprina. Pois eu digo que a ONU há décadas não serve de mais nada. Vide o exemplo da Guerra do Iraque...

Toledo esquece que o Muro de Berlin foi erguido para separar um mesmo povo por causa de uma ideologia. O Muro de Berlin foi construído para impedir que os alemães orientais escapassem "das maravilhas do comunismo". O muro de Israel tem função bem diferente: Serve para proteger um povo do aniquilamento por um inimigo feroz que desconhece o que seja ética. O Muro de Berlim separava alemães de alemães. O de Israel separará os israelenses de um povo que há 55 anos quer se separar do resto.

Os "palestinos" dizerm querer o seu estado independente. Pois o muro lhes dará este estado com fronteiras mais do que delimitadas. A cosntrução do muro é um fato tão inseparável da independência palestina que a extrema-direita israelense nem pode ouvir falar nele. Para uma pequena parcela de judeus religiosos que não aceita a existência de um outro país na região, o muro é um absurdo, já que criará o fato consumado da existência de uma Palestina.

O muro dá aos "palestinos" a sua fronteira. Entretanto eles reclamam do muro. E reclamam por quê? Porquê eles sabem muito bem que não basta ter um território e uma fronteira delimitada fisicamente para que eles tenham o seu estado. Porquê para os "palestinos", não interessa em nada ter o seu país independente. Só lhes interessa a destruição de Israel e eles jamais fizeram segredo desta intenção. Quem sempre falou em paz e coexistência foram os israelenses, nunca os árabes. Será que Roberto Pompeu de Toledo sabe o que são os famosos Três Nãos?

Como disse no começo, Toledo não mentiu nem inventou nada em seu texto. Ele apenas passou por cima de inúmeros fatos e criou uma conjectura, uma ficção, baseada na utopia de que este conflito seja "apenas" entre os interesses de dois povos por um naco de terra seca. Não é. Há muito mais do que dois povos enfiados nessa briga e muito mais do que Israel em disputa. O artigo de Veja só prova uma coisa: Roberto Pompeu de Toledo não sabe o que diz com seu palpite infeliz.
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