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Cartas-->Para quem quer saber do meu silêncio -- 31/01/2002 - 19:06 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
* * * *
Querido Fernando

Obrigada pelo seu silêncio desses dois dias, proposital ou não.
* * * *

Amiga,

Não fique com sentimento de culpa pelo meu silêncio. Estou cada vez menos freqüente na net e, na semana que vem, vou ficar totalmente ausente pelas cinco semanas subseqüentes. Voltarei a pôr os meus pés no chão, ao meu calção de gorgurão, à camiseta de juta e às muitas sombras de coqueiros verdes e preguiçosos. Nada de tecnologia: abdicação consciente e não imposta. Estarei nas estradas da vida cumprindo uma agenda cheia, inclusive com um Carnaval no Brasil, que nem sei aonde será, e uma pesquisa de campo cujo roteiro nem tenho ainda. Vou esfregar meus pensamentos com pescadores, marginais, pais e mães de famílias, adolescentes, prostitutas, executivos, desempregados, travestis, aposentados, traficantes, estudantes, desclassificados sociais, trabalhadores mal remunerados e tudo mais que resolveram rotular simplesmente de POVO. Vou escutar, conversar, dar alívio, entregar meu ombro para um afeto, trocar idéias, colher imagens e sentimentos. Sei que vai ser bom pra mim, contudo estou mais concentrado para que seja uma experiência única para os que vão cruzar meu caminho. Preciso dessa troca de energia para minha sobrevivência. Não se preocupe com o apoio, tudo está nas mãos da minha equipe de SP. Aqui, ando correndo contra o tempo para deixar minha base em ordem. Você pensa que é fácil ser cigano? *risos* Há horas em que a gente não tem controle da vida da gente e se entrega em pedaços para alimentar as feras, sempre sedentas de carnes sangrentas. Que me consumam, me comam inteiro e não deixem nem os ossos. Espero que não esqueçam dos cabelos e das unhas, tampouco dos olhos azuis, que não tenho.

Estou acompanhado "en passsant" as trocas de farpas das pretensas proposições de modificações do Usina. É uma pena que querem modificar. Nem toda modificação quer dizer melhora. Será que é difícil ver que em time que está vencendo não se faz substituições? Está tão bom assim: livre, leve e solto - cada um faz o que quer e vê o que acredita. Cada um escreve o que quer e publica aonde bem quer e entende, fala as coisas bonitas - ou não -, escreve as palavras, as palavrinhas, os palavrões. Deixa o povo criar, escrever, poetar. Deixa o povo fazer discursos sem palavras, o que é que tem isso? Deixa as pessoas lerem sem objeções os trabalhos que bem quiserem. Para mim, o silêncio já é um discurso, um ai já é uma redação e muitos gemidos já é um grande poema. Deixa as forças fluírem livremente sem regras rígidas, sem recompensas gratuitas, sem reconhecimentos vãos, sem julgamentos não autorizados. Sou pela liberdade de expressão e contra qualquer ataque pessoal. Detesto datas limites impostas à minha revelia, por pessoas que nem conheço e sem a minha autorização. Acho que aos donos e mantenedores do sítio é que cabe apresentar quaisquer modificações. Eles já nos dão o espaço de graça para expor e divulgar os nossos trabalhos, que mais temos a reivindicar? Temos mais é que agradecer-lhes esta grande oportunidade. Quem tiver alguma idéia brilhante que se comunique diretamente com eles e não cause tanta comoção e bate boca. Eu respondo pelos meus atos, sou consciente disso. Exerço as minhas cidadanias - tenho duas! - e luto pelos meus direitos civis e humanos. O meu silêncio não quer dizer omissão. Se essa lenga-lenga, esse digladiar de egos, essa inútil vaidade de ser "mais" lido continua, estou me mandando e esvaziando a minha página. Vou armar meu circo em outras praças. Meu show continua em qualquer canto onde tem alguém disposto a trocar um dedinho de idéia. Meu canto não é mudo e sei abrir o meu caminho. Já tenho muita coisa na cabeça para botar pra fora, além de muitas outras que já coloquei em papel e preciso divulgá-las - tenho que ir aonde o povo está [alguém já falou isto antes!] - e, na altura do meu campeonato neste planetinha, não posso perder mais tempo com esses vai-e-vens sem gozos.

Amiga, estou com saudade de ti, mas outros deveres me chamam. Vamos ver se a gente continua nosso trabalho de revisão dos textos depois do Carnaval. Deixa eu colocar a minha fantasia bonita e ver se descolo a máscara de poeta que já grudou na minha face - sei que será difícil, mas tenho que cuidar um pouco de mim.

Afoxés e Trios Elétricos de beijos para ti.
F.


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