No virar de cada página, vai-se um mês e vem outro, vai-se um ano e dezenas de anos vão correndo, escorrendo como águas no regato. A idade avança: um quarto de século contempla a beleza da moça solteira. Não há guarda-chuva contra o tempo que tritura as quatro estações da vida. Morgana ia casar. Talvez Ravenala tenha tido uma ponta de ciúme. Talvez uma santa inveja. Talvez!... Deitou-se, acomodou a cabeça, olhou para o teto e buscou por lembranças dos tempos do Marista. Morgana se casara, e ela, Ravenala, permanecia solteira.
No silêncio de sua enfermidade, ouviu uma voz: ‘Vem Ravenala!’ E viu surgir o cavalo esverdeado do apocalipse seis sete. Seu cavaleiro tinha por nome Morte; e a região dos mortos a seguia com outro nome, chamado pelos humanos de dengue hemorrágica. Só um mal daquela monta a impediria de ir ao casamento da Morga. O pai gracejava: ‘O mal de Ravenala é dengue. Está dengosa minha menina. Um dia a ciência vai mudar o nome da dengue para Mal de Talita Cumi’. Desta vez ela não riu. Sentia febre, dores musculares e vontade de ficar deitada...
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