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Artigos-->A juventude assim sofrida -- 27/10/2003 - 10:25 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nos anos 90, o desemprego aumentava e cresciam a informalidade e a concentração da ocupação nos níveis mais baixos de renda. Foi o que confirmou a pesquisa "O jovem brasileiro e sua inserção no mercado de trabalho", organizada pelo secretário do Trabalho da Prefeitura de São Paulo, Márcio Pochmann. O processo de precarização atingiu em especial jovens, mulheres, negros e pessoas com mais de 40 anos. Pochmann tabulou informações da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD/IBGE) para o ano de 2001 referentes ao público de 15 a 24 anos. Na década de 80, de cada dez jovens entre 15 a 24 anos, oito estavam no mercado de trabalho e dois não trabalhavam nem procuravam emprego. Dos oito que estavam no mercado de trabalho, apenas um se encontrava desempregado. Nos anos 90, de cada dez jovens em idade ativa, cinco encontravam-se no mercado de trabalho; destes, quatro estavam desempregados.



Em 2001, cerca de 3,7 milhões jovens encontravam-se sem trabalho (47% do total de desempregados no Brasil). Os jovens compunham 24,7% do total da População Economicamente Ativa (PEA) e a taxa de desemprego aberto para os jovens situava-se em torno de 18%, contra 9,4% da média brasileira. Nesse ano a população brasileira contava 33 milhões de jovens. Destes, 16,8 milhões possuíam algum vínculo empregatício; 3,6 milhões estavam desempregados e 12,6 milhões permaneciam como inativos. Mais da metade (17 milhões) não estavam estudando. Dos que não estudavam, 10,6 milhões trabalhavam.



Por outro lado, 4,5 milhões de brasileiros de 15 a 24 anos não trabalhavam, não estudavam e nem procuravam emprego (13,6% de todos os jovens no país). "Tratava-se de uma situação de inatividade forçada, possivelmente associada ao processo da nova exclusão no Brasil", afirma o estudo.



Entre os jovens com renda per capita de cinco ou mais salários mínimos de 2001 (considerados ricos), há predominância do trabalho assalariado (77,1%), dos quais 49% possuem carteira assinada. Já entre os jovens com renda per capita de até meio salário mínimo (em 2001, R$ 90,00), apenas 41,4% eram assalariados e, destes, 74,3% não tinham carteira assinada. A carteira de trabalho assinada implica em um conjunto de direitos que não estão disponíveis para os que não a tem.



Os trabalhadores domésticos entre os jovens ricos eram apenas 7,9%, dos quais só 7% obtinham algum rendimento desse trabalho. Já entre os mais pobres, a taxa de jovens que se dedica ao trabalho doméstico saltou para 46,2%, sendo que 26,8% eram remunerados. Esses trabalhos domésticos, normalmente, exigem baixa qualificação e recebem baixa remuneração.



Mesmo sendo em número absolutos muito maior, os jovens pobres são apenas 3,7 mil empregadores no Brasil. Já os jovens ricos somam 34,3 mil pessoas que empregam outras. A participação do conjunto de empregadores jovens oriundos de famílias pobres é insignificante.



O desemprego entre os jovens pobres é significativamente maior (26,2%), enquanto os mais ricos sofrem com uma taxa de 11,6%. O desemprego também dificulta significativamente a continuidade dos estudos entre os jovens pobres (apenas 38,1% estudavam em 2001, enquanto entre os jovens ricos inativos 80% estudavam).



A pobreza, associada a uma desigualdade ímpar, tem criado, principalmente nas grandes cidades, uma situação de grave vulnerabilidade dos jovens a violência. As taxas de desemprego são consideravelmente maiores para os jovens de baixa renda, seja porque não podem fugir de um mercado de trabalho excludente como inativos estudantes, seja porque já sofrem os efeitos negativos de uma inserção ocupacional precária. Também evidenciou que os mais ricos, ao permanecerem estudando durante a juventude, predispõem-se a alcançar os melhores postos de trabalho, perpetuando a exclusão dos jovens sem oportunidade.



O problema não é só brasileiro. O relatório Situação da População Mundial 2003, da Organização das Nações Unidas (ONU), revela que há 1,2 bilhão de adolescentes de 10 a 19 anos entre os 6,3 bilhões de pessoas do planeta e metade da população global tem menos de 25 anos. A expectativa de vida em regiões desenvolvidas é maior do que nas menos desenvolvidas (de 79 anos ante 65 para homens). As diferenças se reproduzem na taxa de mortalidade: 8 mortes por mil nascidos vivos ante 61 por mil. As jovens dos países ricos adiam a maternidade: são 27 nascimentos por mil mulheres entre 15 e 19 anos, taxa que dobra nos países pobres. Há 57 milhões de rapazes e 96 milhões de moças analfabetos. A maioria dos jovens (87%) vive em países em desenvolvimento cheios de desigualdades sociais, 462 milhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia e 238 milhões com renda inferior a US$ 1 por dia. Só a Aids causou a morte dos pais de 13 milhões de crianças com menos de 15 anos. Um jovem é infectado pelo HIV a cada 14 segundos e metade dos novos casos de HIV é registrado entre pessoas de 15 a 24 anos.



No mundo, são 14 milhões de jovens grávidas por ano e a ONU observa que elas estão engravidando cada vez mais cedo. A gravidez precoce e a falta de acesso a serviços de saúde acaba elevando a taxa de mortalidade materna. O Brasil é o terceiro colocado na América Latina, com 277 mortes a cada mil grávidas, ficando atrás da Bolívia e Peru. A média mundial é de 389.



Taiguara, numa de suas mais conhecidas canções, "Hoje", lamentou que "não queria a juventude assim perdida" e deplorou "a fossa, a fome, a flor, o fim do mundo"... Uma realidade deplorável, que continua exigindo uma solução.

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