O peso do ouro...
O peso do ouro
Poucos pensam no seu peso
Os tolos sempre o querem
Dentes, brincos, braceletes
Aquela caneta, o isqueiro
Todos querem
Não se dão conta do seu peso
O peso do ouro
Uma vida insólita, próspera
Ao largo de todo e qualquer sentimento
O brilho é que interessa
Ah! esse brilho...
Enchendo a casa como um vagalhão
Absorvendo a tudo e a todos
O brilho do ouro
Corrompendo os caminhos
Torpedeando paulatinamente
Qualquer sentido do ser
O brilho do ouro
Agenda, telefone, telex....
Aquelas reuniões
O bem-sucedido, ao sucesso...
O brilho do ouro
E a vida pouco importa
Momentos, são apenas momentos
O resto não tem importância
Só o brilho do ouro
Quanto mais pesado, melhor
Quanto mais brilhante, melhor
Quanto mais, melhor
É isso que importa?
O ouro
Ter à mão, palpável, visível
E não se preocupar em olhar para trás
Nem precisa
É só vê-lo, tocá-lo, senti-lo
O que mais vale a pena do que isso?
Nada para muitos, para você, até para mim
Mas a vida traga as feras mesquinhas.
AUTOR: Peixão 89
O Irónico Peso do Ouro...
O verdadeiro peso do ouro
Está nos braços do caboclo
Dentro de água, peneirando,
Com o estômago vazio.
Está na mosca que transporta
O veneno da malária
Em que o caboclo delira
Delírio porém mais sadio
Do que o do consumismo
Que arrasta o mundo inteiro
Para a beira do abismo.
Com que direito dividem
Assim os homens, meus Deus?
Se a verdadeiro ouro
Brilha para todos nos céus!
Maria Petronilho
21/10/2003 |