O co-presidente do processo negociador da Alca, o diplomata brasileiro Adhemar Bahadian, afirmou nesta terça-feira que o processo de negociação da área de livre comércio está desequilibrado, e descartou a idéia de que o país possa ser culpado pela paralisia das conversações.
Falando em seminário no Congresso, Bahadian acrescentou que quando os Estados Unidos estabeleceram que a agricultura não pode ser tratada na Área de Livre Comércio das Américas e sim na Organização Mundial do Comércio (OMC), eles desencadearam um "total rearranjo" do processo negociador.
Segundo Bahadian, com a retirada das negociações de um tema importante para o Brasil, o governo brasileiro não aceita discutir a liberalização de áreas sensíveis para a economia do país, como propriedade intelectual, regras de investimentos e compras governamentais --assuntos que interessam aos norte-americanos.
"Os Estados Unidos estão sendo ao mesmo tempo minimalistas em áreas sensíveis para eles e maximimalistas em áreas sensíveis para outros países", disse Bahadian no seminário Encontro Parlamentar sobre a Alca.
Mantida essa posição, o projeto Alca corre sério risco de não deixar a condição de projeto, acrescentou ele.
Ao ressaltar as dificuldades das negociações, Bahadian enfatizou que a Alca está sendo debatida há seis anos sem mostrar muita evolução, e que o governo brasileiro tomou posse há menos de um ano.
"Eu queria repelir da forma mais enfática essas insinuações", disse ele, recebendo alguns aplausos da platéia formada por parlamentares, diplomatas e estudantes.