1.982 – Compartilhamento

Esperando o macarrão para aplacar a fome, já roncando, estávamos Eu e o Alexandre conversando sobre as nossas mazelas, motivadas pela atual economia marrenta e quase nefasta, deixada pela administração anterior de nosso país, no entanto isso é outra história e o que eu quero colocar vem desta frase dele – “Jairão, estou lendo muito sobre compartilhamento, que é uma novidade e vai ser solução de problemas.”.

Compartilhamento? É, cara! As montadoras não pensam em outra coisa, a Ford e a Volkswagen já têm estudos para implantarem, rapidinho, o uso de carros em sistema compartilhado. Só carro elétrico, cara! Verdade? Perguntei, para ouvir verdade! Continuou, entusiasmado, com o assunto, acrescentando que seria igual, ou parecido, com o sistema de bicicletas, existente em cidades estrangeiras e em algumas daqui com patrocínio dos Bancos Itaú e Bradesco. Oba, chegou o macarrão... Essa conversa já tem uns dias, anotei e estou pensando como seria, pois até agora não tive oportunidade de compartilhar uma bicicleta e lembrei-me de uma conversa lá dos anos oitenta, quando o meu amigo Alencar quase comprou uma semana na praia, pelo Sistema Time Sharing.

Tempo compartilhado é a tradução e o vendedor da época, muito mais entusiasmado que o Alexandre já dizia que era uma novidade e seria a solução de problemas. Para ele, vendedor, ninguém mais compraria imóvel na praia, visto que o Time Sharing iria suprir toda a vontade de ter uma casa de praia. O Alencar não comprou e nunca conheci alguém que tenha comprado esse tempo compartilhado; sei de conhecidos que compraram apartamentos e não compartilham com ninguém, visto a ciumeira que têm dos seus locais de lazer.

Como vocês já sabem que eu escrevo olhando o Google, só nele o ícone “time sharing” tem mais de sessenta milhões de resultados para pesquisa e a primeira que aparece é exatamente ser uma opção para as férias, como aquele vendedor já apregoava naqueles anos. Além disso, você descobrirá que o termo é referente a sistemas operacionais de computadores e que ele foi adaptado pelo mercado imobiliário para um imóvel vendido a mais de um proprietário, notadamente em locais de férias.

Agora, o que seria o compartilhamento do Alexandre, cujo, já já, será nos colocado pelas montadoras e fará que ninguém mais compre carro. Fui pesquisar e achei um site – parpe.com.br, que diz ser de compartilhamento de carros que permite que qualquer pessoa possa ganhar uma renda extra alugando o seu carro para outras pessoas que já fazem parte da econômica compartilhada. Diferente de Zazcar e do Zipcar que trabalham com frotas próprias de veículos para locação e que o Parpe acredita na interação de pessoa para pessoa (Peer-to-Peer). Este trabalho do parpe.com.br é o que se aproxima do compartilhamento do Alexandre e não o serviço de locadoras convencionais.

Na exame.com, você encontra uma matéria de março de quinze, que trata desse assunto, onde diz ser possível uma economia de até setenta e cinco por cento com sites de compartilhamento e daqueles que promovem a troca e o empréstimo de produtos e serviços, como por exemplo, o site Airbnd, um rede social de aluguel de imóveis e cômodos, já movimentando mais de cem bilhões de dólares.

Nesta quinta, três de onze de dezesseis, dá até para falar que o Alexandre não está errado no seu entusiasmo com compartilhamento, só que não é uma novidade e a palavra compartilhar tem dois sentidos, um de dividir e outro de participar. Os sinônimos, do sentido dividir são associar, distribuir, partilhar, compartir, repartir e dividir. Do sentido participar, os sinônimos são aquinhoar, quinhoar, participar e comparticipar. Analisando os sinônimos talvez fique mais fácil entender compartilhamento e se ele andar mesmo, poderei voltar ao tema e finalizando tenho a dizer que o macarrão acima não compartilhei com ninguém, dei conta dele tudinho.