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Artigos-->Caminho dos que pesquisam a verdade -- 20/10/2003 - 11:03 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em 1618, três cometas passaram pela Terra. Galileu Galilei não os viu, mas os usou como pretexto para seu livro "O Ensaiador" (Saggiatore), com prefácio, de 20 de outubro de 1623, assinado pelos acadêmicos dos Linceus. Na obra, apresenta várias considerações sobre a realidade e a possibilidade de seu conhecimento.

Numa época em que o Vaticano ditava o que podia ou não ser publicado e que opiniões garantiriam ou não a própria existência de quem as manifestava, Galileu, mesmo com fortes ligações no alto clero, confessa sua "covardia. Porém, mesmo sendo muito pobre de coragem e forças, sou rico de honra".

No mesmo 1623, Matteo Barberini, admirador de Galileu, foi eleito papa, adotando o nome de Urbano VIII. Em 1616, Barberini havia se oposto a um decreto do Santo Ofício e intercedeu a favor de Galileu. Em 1620, dedicou-lhe o poema Adulatio Perniciosa (Perigosa Adulação). Depois de eleito papa, chamou-o à sua presença, cumulou-o de favores e manteve com ele seis longas conversações.

Galileu, em "O Ensaiador", aponta duas espécies de qualidades de um objeto: as que podem ser descritas numericamente, e as que não o podem. A velocidade e a posição de um objeto, por exemplo, são qualidades primárias, porque podemos medi-las. As qualidades secundárias, como o odor ou a beleza, existem apenas na mente do observador, e não podem ser medidas. Galileu indicava que ciência é medida.

Com estilo elegante, conta parábolas e polemiza com os que não concordavam que a realidade é alheia ao observador. Afirmando o pensamento mais avançado de sua época, nas pesquisas, escreve: "A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o universo), que não pode se compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem eles nós vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto."

Vive a dificuldade imposta pelos dogmas e, já nesta obra, refuta publicamente a opinião de Kepler "referente à mobilidade da Terra, opinião que pia e santamente não pode ser aceita" e todas "as proposições que são declaradas contrárias às Sagradas Escrituras".

Mesmo sendo um cientista reconhecido, num ambiente assim hostil à busca do real, Galileu tateia em apresentar sua visão "com a finalidade mais que honesta de facilitar mais o caminho daqueles que pesquisam a verdade". Contesta a idéia dos que pensam que para filosofar "seja necessário apoiar-se nas opiniões de algum célebre autor, de tal forma que o nosso raciocínio, quando não concordasse com as demonstrações de outro, tivesse que permanecer estéril e infecundo".

Para ele, "não é pela abundância, mas pela eficácia das palavras que se deve a argumentar a estima que os outros possuem das coisas relatadas. Como todo mundo sabe, existem demonstrações que por sua própria natureza não podem desenvolver-se sem abundância de explicações, e outras cuja abundância de explicações resultaria de todo supérflua e maçante". Indica a postura que os cientistas vêm abraçando, nem sempre com êxito, mas com perseverança: "não afirmar como verdadeiras a não ser as coisas que conhecemos como indiscutíveis".

Por força das circunstâncias, e do poder da Igreja Católica, Galileu morreu dizendo que a Terra não se movia, mas registrou nesta sua obra que "infinito é o bando dos estúpidos, isto é, daqueles que não entendem nada". E admitiu sua dimensão diante da realidade que nos cerca: "Eu confesso não ter a visão tão perfeita, pelo contrário, confesso ser como aquele macaco que acredita firmemente ver no espelho um outro macaco, e nem reconhece seu erro se quatro ou seis vezes não tenha ido atrás do espelho para agarrar a imagem, tanto aquela imagem se lhe apresente viva e verdadeira".

Para enfrentar esta ilusão de ótica, defendia a postura de um ensaiador, ou experimentador — talvez uma tradução mais adequada para o Saggiatore galileano. Por esta e outras obras, o matemático, físico, astrônomo e teórico renascentista é considerado o criador da física moderna.



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