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Artigos-->Sobre a intolerância -- 30/07/2001 - 10:53 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O que é a intolerância senão a recusa, a rejeição e o desprezo -- a ponto de ser impossível qualquer relação pacífica -- a pessoas que pensam e vivem de forma diferente (extravagante, esquisita, etc.) da nossa? De forma mais violenta, o intolerante despreza os que pensam (e fazem questão de declarar) de modo diverso (às vezes oposto em todos os sentidos) ao seu. O que é o pensamento senão a elaboração de conceitos, imagens e realidades mentais, devaneios, formulações subjetivas, raciocínio, logicação, elucubrações...Todos esses atos da consciência se consumam na qualidade exclusiva do homem que é o pensamento.



Pelas diferentes experiências no conhecimento adquirido mediante a leitura, a pesquisa, a audição (transmissão oral), e muito mais pela incontestável certeza de que cada consciência estabelece seu próprio juízo de valor acerca das realidades que percebe, tal percepção se manifesta diversamente, mudando de indivíduo para indivíduo nas variações do pensamento sobre um mesmo objeto ou conceito.



No sentido da percepção material é certo que se uma pessoa julgar ser uma flor o objeto mais belo e valioso do mundo, outra discordará, elegendo um pássaro, a lua, ou os olhos de quem ama... Pois bem, se em relação à materialidade há pensamentos diversos, como será em relação ao mundo das idéias quanto à espiritualidade humana e os conceitos dela decorrentes?

Nesse particular há dois pólos que se opõem: espiritualistas x materialistas.



No polo espiritualista, mesmo entre religiões que falam do amor ao próximo, a intolerância, devido a existência de doutrinas ou dogmas que se chocam ou afrontam brutalmente a liberdade humana, tem sido a causa de violências contra a vida que chegam à barbárie -- como no caso do Islã, em particular no Afeganistão, que extermina todo e qualquer membro de outra religião flagrado em ações prosélitas, sem falar na extrema violência mesmo contra aqueles que, professando o islamismo, ousam descumprir as ordens das autoridades em relação a usos e costumes, como é o triste caso das mulheres afegãs.



Entre as religiões cristãs a intolerância é causadora histórica de conflitos com efeitos desastrosos, como exemplo: a Santa Inquisição, a Noite de São Bartolomeu, além da disputa permanente entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte.



Em oposição aos espiritualistas, os materialistas, ao renegar as religiões, apegam-se a ideologias pretensamente mais próximas das reais necessidades humanas, em tudo contrárias àquelas tratadas por religiões escapistas, visionárias, apocalípticas, que pregam a vida futura em detrimento dos interesses legítimos relacionados com este mundo e suas contingências. Ou seja, religiões que levam os homens a viver “alienados” da realidade presente em vista da redenção prometida, numa espécie de “amortecimento” da consciência, fruto do consumo em excesso do “ópio” religioso, tão tenazmente denunciado por Karl Marx.



Uma característica marcante dessa oposição entre espiritualistas e materialistas é a permanente ofensiva destes em relação àqueles, cujo comportamento defensivo está firmado na negação indireta dos pressupostos materialistas pela pregação ostensiva das realidades espirituais que eles pretendem negar. Enquanto um ateu, de “sólida formação materialista”, chama de louco a alguém que crê no céu e no inferno, esse “louco” responde com sua práxis religiosa: a fé aliada a um estilo de vida como manifestação visível dela.



Ao passo que um materialista se indigna quando alguém diz: “amo a Deus”, o crente curte uma tristeza no coração por saber que há outros semelhantes alheios à alegria que esse amor produz -- pelo contrário, os materialistas andam tateando no escuro das idéias anti-religiosas, apalpando o vento a ver se encontram algo de sólido em que se agarrar.



Suspeito que tenha sido essa a causa da intolerância que certo escritor da Usina revelou contra um texto de minha autoria, no qual tive a “audácia” de discordar do venerável teatrólogo Ariano Suassuna em relação ao Auto da Compadecida, com rompantes dignos da inquisição; até rotulado de fanático fui - penso inclusive que se estivéssemos na Idade das Trevas, e eu fosse audaz a ponto de questionar, ou mesmo negar dogmas da Igreja, esse escritor, mesmo não sendo parte dela, provavelmente iria defender que eu fosse queimado como herege, haja vista que, em resposta ao texto em questão, ele “solicitou” que os leitores da Usina me “apagassem”!!!



Que culpa tenho se estou mentalmente confortado e conscientemente satisfeito em crer que Deus existe e vai tornar realidade aquilo que meus olhos ainda não viram, meus ouvidos não ouviram, nem jamais penetrou em meu coração (esse é o conceito bíblico de fé: o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem), se apenas por fé contemplo?



Se os conceitos dos que têm uma sólida formação materialista nos quais sua mente se arraiga estão se desfazendo -- já que “tudo que é sólido desmancha no ar...” -- então que tolerem, transijam e suportem que outras pessoas cujo fundamento é a fé em Jesus Cristo vivam e pensem livremente, assim como vivem e pensam livremente os que nada querem saber de Deus. É pedir muito?

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