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Cronicas-->1986 - Os Cachaças -- 18/09/2016 - 12:22 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A crónica passada terminei prometendo o Paulo Cachaça para depois, mas quem seria e posso dizer que seriam dois os cachaças. Todos da mais fina estirpe, de bons corações e ótimas índoles, porém amantíssimos da marvada, das pingaiada, de uns bons goles, ou como queiram chamar. Eu sempre gostei do nome cachaça e cachaça é um dos nomes dados à aguardente de cana e outros, como pinga, cana, caninha e um sem número de nomes e apelidos regionais e ao gosto de cada um.
Um dos Paulos conheci por acaso e por sorte pelos idos de oitenta e seis, quando fui visitar uma empresa distribuidora de aço pelos lados da Mooca em São Paulo. Antes de conhecer a empresa, ele me chamou para uma cervejinha no bar em frente e conversa vem, conversa vai, disse de São Miguel, quando ele estarreceu-se, saltou de banda e risonho comentou: Num acredito, finalmente encontro um que conhece essa cidade. Rápido eu contrapus: Conhece não, eu sou de lá, nasci lá, olha o respeito, São Miguel é tudo de bom, é a terra das uvas itálias e você deveria ir até lá. O Paulo mais risonho falou que já tinha ido, pois seu pai, filho de São Miguel teria voltado a morar nela. Continuou não acreditando em mim, até eu provar com a carteira de identidade ser são-miguelense nato. Dele não solicitei prova, pois o que me contou foi suficiente.
Este Paulo era uma pessoa sensacional, contudo inadvertido quando em dosagem mais alta, o que demorava pra chegar, então ele era fácil e divertido de convivência, pois pelo nosso relacionamento comercial fomos convivas de alguns almoços, pelo centro da cidade principalmente num restaurante antigo - Guanabara. Como era do ramo do aço, ele também conhecia e era conhecido por conhecidos meus, o que deixava mais simples nossos papos sobre negócios, nada às vezes e as incontáveis colocações sobre como nós nos conhecemos e como ele passou a me chamar - Ó Sunmiguer!
A cachaça recebe mais de quatrocentos nomes pelo Brasil todo como marvada, cajibrina, mé, branquinha, abre-coração, água-de-cana, água-que-passarinho-não-bebe, aquelazinha, arrebenta-peito, aquela-que-matou-o-guarda, bagaceira, birinaite, birita, braba, bichinha, cambraia, chorinho, cobertor-de-pobre, cura-tudo, catinguenta, danada, engasga-gato, forra-peito, goró, januária, limpa-goela, marafa, nó-cego, perigosa, pindaíba, purinha, rija, saideira, santinha, teimosa, uca, venenosa, ximbica, zuninga, entre muitos outros.
Quando fui trabalhar com o Wellington, ele tinha como funcionário o Seu Pedro, que nos deixou e seu substituto veio a caráter para se tornar outro Paulo Cachaça, fechando os dois que conheci e ambos, como já escrevi, amantíssimos daquela que possui mais de quatrocentos nomes. Este ficou mais tempo ao meu lado, até ir cuidar da vida, não sem antes tomar um gole. Era e é uma pessoa muito boa, prestativo que só, também inadvertido em dosagem mais alta. O diferencial deste Paulo é ser são-paulino roxo e anti-corintiano roxo maior, o que fazia e faz dele mais chato do que ninguém. Sai de perto quando esses dois times jogam, aí podem chama-lo de Paulo Cachato.
Não contentes com os nomes que a cachaça recebe por aí afora, mais de quatrocentos não, os fabricantes colocam cada nome nas garrafas que sai de baixo: Amansa Corno, Chora no Pau, Balanga Bicha, Amansa Sogra, Quarqueuma, Cura Veado, Atrás do Saco, Xixi de Virgem, Wisk de Pobre, Nabunda, Peladinha, e outros mais bizarros.
O primeiro Paulo Cachaça já não o vejo há mais de vinte anos por obra dos nossos caminhos e o outro o vi no ano passado, quando ele prestou um serviço para mim, deu um nó nele e tomou chá de sumiço, no entanto, neste domingo dezoito de nove de dezesseis, deixo registrado a simpatia e bondade dos dois, que nem a marvada conseguia tirar...
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