Não precisa, mas sabem aquela final de vólei, que fui intimado a assistir domingo passado deu medalha de ouro ao Brasil, a sétima da Rio 2016, mais seis de prata e seis de bronze, totalizando dezenove medalhas, daqui a pouco esquecidas pelo turbilhão de novos acontecimentos, porém elas retornarão à s memórias daqui a quatro anos, na época dos novos jogos em Tóquio, dois mil e vinte.
Ontem saí para jantar comemorando o aniversário da Lígia, nascida em oitenta, ano da Olimpíada de Moscou, na antiga União Soviética e foi uma edição com menor número de participantes devido ao maior boicote da história olímpica, quando sessenta e nove países se recusaram a participar, seguindo o caminho dos Estados Unidos, em protesto contra a invasão soviética do Afeganistão. Mesmo assim algumas marcas e desempenhos excepcionais foram realizados, até por atletas participando individualmente sob a bandeira olímpica, tal como os Atletas Olímpicos Refugiados deste ano.
Desses jogos, me lembro do nosso João Carlos de Oliveira ficando com a medalha de bronze no salto triplo, pois os juízes russos deram uma "ajuda" ao russo Viktor Saneyev, anulando um salto perfeito do brasileiro. Dois barcos brasileiros levaram duas medalhas de ouro, com os velejadores Marcos Soares e Eduardo Penido, na classe 470 e Alexandre Welter e Lars Bjorkstrom, na classe Tornado. No entanto, o que mais ficou como lembrança foi a lágrima derramada pelo ursinho símbolo dos Jogos, Misha, que se tornou o mais popular mascote da história.
Para mim, claro, desse ano o que mais ficou foi o nascimento da Lígia, três semanas depois do encerramento dos Jogos. Já o Guilherme nasceu dois anos depois, em oitenta e dois, ano de Copa do Mundo na Espanha e quando fomos eliminados pela Itália. Eu também nasci em ano de Copa de Mundo, em cinquenta e quatro, e realizada na Suíça, quando a maior favorita Hungria não levou o título, que ficou com a Alemanha. Dona Edna é de ano de Jogos Olímpicos, cinquenta e seis, realizados em Melbourne, Austrália, quando o Brasil ganhou só uma medalha de ouro. Estatísticas tolinhas que me ocorreram agora; aqui em casa somos todos de anos pares, dois de anos de Copa do Mundo e duas de anos de Jogos Olímpicos e neste ano nossas idades são todas pares, como ano que vem todas ímpares. Pare pai, que coisa mais sem noção, diria a Lígia, mas eu disse estatísticas tolinhas e isso me credencia ao título de Tio do Pavê... Ai ai.
Boicote de oitenta para mais boicote em oitenta e quatro, nos Jogos de Los Angeles, agora de países do antigo bloco socialista, em retaliação ao boicote anterior. Devido à parceria com a iniciativa privada, esses jogos deram um lucro de duzentos milhões de dólares, provando que os Jogos Olímpicos poderiam ser economicamente viáveis, afastando risco de extinção deles por excesso de gastos. Igualzinho ao nosso atual, altamente lucrativo e sem nenhum dinheiro público, oops, parece não ser bem assim, não é pessoal?
Nessa Olimpíada o Brasil conseguiu até então a sua melhor participação, com um total de oito medalhas, uma de ouro, cinco de prata e duas de bronze, sendo seu maior nome o atleta Joaquim Cruz, campeão dos oitocentos metros rasos. No vólei, o Brasil começaria sua arrancada ficando com a medalha de prata no masculino, perdendo a final para os Estados Unidos, contudo nossa medalha de ouro de agora é consequência dessa arrancada. O maior nome desses Jogos foi Carl Lewis, que igualou o recorde de Jesse Owens, em trinta e seis, conquistando quatro medalhas de ouro nos 100, 200, revezamento 4x100 e salto em distància. No futebol, o Brasil perdeu para a França na final, ficando com a medalha de prata na presença de mais de cem mil torcedores e semente do interesse da realização da Copa do Mundo de noventa e quatro nos Estados Unidos. Neste domingo, vinte e oito de oito de dezesseis, encerrando mais lembranças olímpicas, não se esqueçam dos Jogos Paralímpicos.
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