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Infanto_Juvenil-->O CIRCO DE ZAZÁ -- 10/12/2001 - 00:42 (Francisco Rodrigues Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O CIRCO DE ZAZÁ

Francisco Rodrigues Júnior
Aos meus brasileirinhos, que um dia, quem sabe, serão políticos conscientes.

Era uma vez um Reino Animado onde somente havia fantasias e encantos. Todo mundo que morava lá vivia fazendo mágicas e brincando de faz-de-conta. A vida era maravilhosa, ninguém sentia necessidade de nada. Todos viviam perfeitamente bem, carregando as suas varinhas de condão e transformando coisas bonitas em coisas maravilhosas. A cada idéia nova, um passe de mágica.
Neste reino, ninguém sabia o que era tristeza, fome, dor ou miséria. Todos ocupavam apenas em inventar fórmulas para que o reino ficasse cada vez mais diferente e interessante. Eles faziam surgir casas redondas, quadradas e retangulares; jardins floridos com árvores pequenas e grandes; rios e cascatas com águas límpidas e cristalinas; animais dóceis e mansos; músicas suaves e alegres; brincadeiras sadias e animadas; enfim, uma série de coisas fantásticas, para que todos se sentissem bem. Este reino era perfeito e quem o fazia assim eram os duendes e fadas.
Certo dia o Reino Animado amanheceu em festa. Aliás, festas sempre existiam lá, mas igual a esta nunca. Tudo aconteceu quando Lis, uma linda fadinha, resolveu inventar uma fórmula mágica para fazer surgir no reino algo que acontecera em seu sonho. Ela havia sonhado com um enorme Circo de Cavalinhos que somente existia no mundo dos homens. No reino dela não havia nada baseado no mundo dos homens, ao contrário, somente havia coisas fantásticas. Era difícil saber porque aquela fadinha tão pequenininha e mimada havia sonhado tal sonho, capaz de trazer do mundo dos homens um circo tão grande, tão complexo, com palhaços, bailarinas, trapezistas, mulher barbada, amestradores de animais e tudo. A mágica de Lis tornou o reino alvoroçado de curiosidade. Todos queriam aproximar-se do circo, que tornara a coisa mais linda e mais curiosa entre todas as mágicas dos últimos tempos naquele reino.
O Circo de Cavalinhos pertencia a um homem que se chamava Zazá. Há muito, não se sabe como, ele também sonhava com a fadinha Lis. Ele sempre imaginava estar num mundo diferente, mágico, onde não existisse guerras, fomes, discriminações raciais e misérias. Lá estava ele, agora, num reino perfeito e pronto para fazer acontecer lindos espetáculos. Lis sorria, batia palmas e se enchia cada vez mais de entusiasmo. Todos os duendes e fadas do reino assistiam aos espetáculos. Zazá, não era somente o dono do circo, mas também, ao lado do amigo Janjão, um grande palhaço. Ele contava anedotas, enrolava no chão com os macacos, estourava balões com a barriga, dançava de modo engraçado e anunciava ao público os outros amigos que faziam apresentações fantásticas. O público gritava, batia palmas, ria, assobiava e brincava.
Dias e dias passaram-se, duendes e fadas iam e vinham do circo admirados com os artistas circenses. Suas admirações estavam centradas na questão dos artistas não usarem varinhas de condão. Como podiam fazer tantas coisas usando apenas o corpo e a mente? Todos queriam saber sobre a vida dos homens e como eles aprendiam tudo aquilo que eles faziam no picadeiro do circo. Eles, do reino Animado, eram mágicos de nascença, estudavam fórmulas, mudavam e faziam acontecer coisas, mas os homens, eles pareciam tão materializados, tão pesados, até mesmo impossível de estarem ali, naquele reino. Claro que a mágica partiu de uma fórmula extraída do sonho de Lis, mas mesmo assim, qual mágica, naquele reino, os fazia divertirem tanto...
A fadinha Lis anunciou no reino que a sua mágica estava findando. Restava apenas mais um espetáculo e pronto! O circo sairia dali. Ela devolveria aos homens o que era dos homens e todo o reino voltaria a se divertir com as suas habituais fórmulas extraídas de varinhas de condão. O Reino Animado ficou mudo, ninguém queria perder aquele maravilhoso e fantástico circo. Mas não era de se esconder ou de ignorar o que todos já sabiam: uma fórmula mágica era igual a um sonho, não podia durar muito. Todo pouco para duendes e fadas servia de divertimento. Alguns duendes, calados, prometiam fazer daquele reino um grande circo de alegria.
E sendo assim, todo mundo do reino compareceu no circo para assistir ao último espetáculo preparado por Zazá e seus artistas. O espetáculo mal começara e todos davam boas risadas. Palhaços, trapezistas, comedores de fogo, equilibristas, mulher barbada, domadores, bailarinas, ilusionistas e uma série de outras apresentações começavam a acontecer. Palmas, vivas, risadas, admirações, sustos, tudo vinha da platéia, até que se findou o espetáculo.
Zazá havia sido avisado por Lis que aquele seria o último espetáculo.
Ele também sabia que o que era bom não duraria para sempre. Ele vivia no mundo da fantasia circense, mas sempre consciente de que o seu mundo real era o mundo dos homens. Então ele pediu um instante de silêncio ao público, que ainda batia palmas e acenava as mãos se despedindo, e falou com um tom de voz comovido:
___ O circo do mundo dos homens foi feito para se divertir, mas o mundo do circo dos homens, infelizmente, foi feito para sofrer e chorar. Nele, quem vive, caros espectadores, tem que estar preparado para a guerra, para a fome e para a miséria. Não há ilusionistas, nem mágicas capazes de fazer melhorar o mundo em que nós homens vivemos. Se aqui todo passe de mágica é para se viver melhor, sem tédio, lá, onde nós, homens, moramos, ao contrário, mágicas se fazem para aumentar a ganância, a violência, a pobreza, a miséria e o tédio...
Todos continuavam silenciosos. Zazá e os artistas circenses se abraçaram. Neste momento a fórmula mágica de Lis se desfizera. Houve um facho de luz cristalino, que como num sonho aparece, para transportar o circo ao seu lugar de origem. O Circo de Cavalinhos desapareceu do Reino Animado. Duendes e fadas colocaram-se de pé, uniram-se as mãos e formaram um círculo. Conferenciaram-se com os olhos e os corações, prometendo, a partir daquele instante, fazerem uma porção mágica, extraída de uma fórmula inteligente para ajudar os homens da terra. Lis era a única fadinha capaz de sonhar com o mundo dos homens. Ela, portanto, seria responsável de entrar em contato com ele...
E o Reino Animado, que não tinha problemas, começou a se envolver com os problemas do mundo dos homens. Resolvê-los, pensavam eles, exigiria uma mágica muito difícil, pois, a única fórmula que existia estava ainda adormecida na própria consciência humana.
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