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Artigos-->A origem de todos os males -- 06/10/2003 - 10:31 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nunca o conhecimento foi tão grande, nunca o domínio sobre a natureza pela espécie humana foi tão completo — e nunca as desigualdades sociais foram tão flagrantes. A revista Forbes apurou que a fortuna dos homens mais ricos do planeta cresceu 10% em relação a 2002, atingindo o valor total de US$ 955 bilhões. Isso num momento em que há 840 milhões de famintos no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). A cada dia, cerca de 25 mil humanos morrem de fome. Um sexto da população do planeta está subnutrido. Por ano, a pobreza e a fome matam 6 milhões de crianças com menos de 5 anos.

Na cidade de São Paulo, entre 1991 e 2000 a quantidade de pobres passou de 8% para 12,06% da população. No estado mais rico do Brasil, o número de pobres aumentou de 12,86% em 1991 para 14,37% em 2000. Estes dados integram o "Atlas 2003 do Desenvolvimento Humano". A distribuição de renda piorou em 3.654 cidades (66,3%) do país de 91 a 2000, segundo o Programa as Nações Unidas para o Desenvolvimento, base para o Atlas.

Outra publicação, as "Estatísticas do Século 20", do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a mais completa radiografia da História do Brasil, apura que entre 1901 e 2000, a população brasileira passou de 17,4 milhões para 170 milhões. No mesmo período, o Produto Interno Bruto se multiplicou 110 vezes. O PIB per capita cresceu 12 vezes. A riqueza aumentou quase 21 vezes mais que a população, mas não houve divisão. Em 1960, os 10% mais ricos do país ganhavam 34 vezes o recebido pelos 10% mais pobres; a diferença chegou a 60 vezes em 1991 e caiu para 47 vezes em 2001. Na virada do século, os rendimentos somados do 1% mais rico equivaliam aos dos 50% mais pobres. A marca nacional é a desigualdade — de renda, racial, de gênero e regional.

Ocorreu intenso crescimento econômico no século passado, impulsionado pela industrialização. Foi um dos maiores do mundo. Mais de 70% da mão-de-obra estão em cidades, 55% de trabalhadores estão sem direitos, na informalidade, e existem mais mulheres no mercado. A expectativa de vida pulou de pouco mais de 30 anos para cerca de 70. O país ficou mais velho, urbano, feminino, alfabetizado e industrializado. Caiu a mortalidade infantil, mas 6,1% ainda morrem de infecções típicas do Terceiro Mundo. O país teve um acelerado aumento populacional, na primeira metade do século, e uma queda forte da natalidade, na segunda metade. Há mais pessoas na escola, com pior qualidade do ensino. O Brasil não conseguiu eliminar doenças como tuberculose e malária, que herdara do século 19, e incorporou males modernos como doenças crônicas e degenerativas. Doenças cérebrovasculares, circulatórias e cardíacas, juntas, respondem por 23% das mortes.

A violência foi a terceira maior causa de morte de brasileiros. O país ficou mais armado e violento. Em 1907, todos os presos na então capital federal tinham sido condenados por delitos contra a pessoa. Entre os 2.833 sentenciados, 2.422 haviam cometido assassinato; 53, tentativa de homicídio; 223, lesão corporal; e 135, violência carnal. Em 1985, havia 39.609 presos, 57,8% deles por crimes contra o patrimônio (que só aparecem nas estatísticas a partir de 1943), e 26,5% por crimes contra a pessoa. O tráfico de entorpecentes surge nos anuários somente a partir da década de 60 — e assim mesmo, como crime contra a Saúde Pública. De 1965 a 1985, no entanto, triplicou o número de condenações por tráfico. Em 1939, foram registrados apenas 324 homicídios com armas de fogo no Rio de Janeiro. A partir dos anos 60, o uso de arma de fogo deixou de ser contabilizado, por ter se disseminado pelos mais variados crimes.

O país se manteve dependente do capital estrangeiro. A dívida externa era de US$ 291,6 milhões em 1901 e, no fim do século, atingia US$ 236 bilhões — crescimento de 810 vezes. No início do século passado, a dívida externa equivalia a uma vez e meia o valor das exportações; 100 anos depois era equivalente a mais de quatro vezes o valor das vendas externas totais.

Menos ricos mais ricos. Mais pobres mais pobres. O problema é antigo e requer solução, pois vem se agravando. Caio Plínio Cecílio, chamado Plínio, o Moço, literato romano nascido em Como (62-113 d.C.), observou: "A maioria dos males de que padece o homem provém do homem mesmo". Mais de um milênio depois, Thomas Hobbes (1588-1679) vaticinou que o homem é o lobo do homem. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), menos de 100 anos depois, contrapôs: "O homem é bom por natureza, sendo corrompido pela sociedade".

No século seguinte, Karl Marx desvendou a questão: ser social, o homem adota a ideologia dominante de sua época, e se ela é de opressão e exploração, assim pensarão e atuarão o conjunto dos homens, porém seus interesses de classe podem levá-los a superar os condicionantes do momento em que vivem e abrir caminho para a construção de nova sociedade — não se trata de homem contra homem, mas de classe contra classe. O percurso humano desde a morte do pensador alemão, em 1883, indica que a solução ainda não foi efetivada.

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