Se alguma vez me vires chorar,
Pensa que as minhas lágrimas
São gotas de orvalho
Que o acaso trouxe
E espalhou pelo meu rosto.
Se algum dia me vires rir...
Para quê dizer-te?!
Já sabes que minto,
Já sabes que na minha vida
Só há treva e solidão.
Mas se porventura me vires morrer,
Quando o derradeiro sopro
Se evadir de mim,
Eleva teus olhos
Para além das nuvens,
Para onde o sol é mesmo sol
E a lua, o amor e a alegria
São mesmo tudo isso,
Porque tudo é verdadeiro.
E então poderás pensar
Ter sido o meu choro destilado
Da mais amarga,
Mais cruel das dores!
(de A PRINCESINHA DO NADA E O SEU BOUQUET DE TRISTEZAS, livro primeiro, poemas recolhidos de cadernos) |