PROJETO INDECENTE
Filemon F. Martins
A notícia é de estarrecer. Em matéria assinada eletronicamente por Franklin Martins (Rádio CBN), veiculada na Internet e conforme matéria da Rede Globo, o deputado Jutahy Magalhães, do PFL da Bahia, é autor do projeto de lei que proíbe o Ministério Público de investigar atos (suspeitos de corrupção) de Presidente da República, Governadores de Estados, Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais e Prefeitos.
A existência deste projeto já depõe contra o autor, contra o partido e muito mais ainda contra a Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional. Ora, vivemos num País mergulhado em tantas falcatruas, desvios de verbas, sonegação fiscal, estelionato eleitoral e agora querem legalizar a corrupção em nosso País. Quando li a notícia, me recusei a acreditar, mas na dúvida, tudo é possível. Os partidos políticos são responsáveis pela apresentação de candidatos a cargo eletivo e deveriam fazê-lo com mais rigor. Em que pese o respaldo do voto da população, ela escolhe dentre aqueles que o partido põe à disposição na vitrine para disputar a eleição.
Não se pode generalizar, entretanto se é verdade que existe um projeto deste jaez, certamente há quem o defenda, o que o torna mais preocupante. Não se justifica, qualquer que seja a alegação, cercear a fiscalização do Ministério Público, se houver suspeitas de fraude, de favorecimento, de má administração de quem quer que seja, a não ser que haja interesse de alguém, descaradamente, em deitar e rolar com o dinheiro público. A Câmara dos Deputados deveria rechaçar este tipo de projeto, se é que ainda não o fez, por ser indecente e imoral.
O problema é que a Câmara dos Deputados, infelizmente, já provou estar constituída por membros flexíveis, maleáveis, adeptos do “toma-lá-da-cá” tão comum nas negociações com o governo, que poderá aprovar o que bem entender, resultado direto da escolha feita pelo povo nas últimas eleições. Dessa forma, não é de se estranhar que algum deputado, acostumado a práticas ilícitas, queira aprovar um projeto tão imoral quanto este.
Outra vez, cabe ao povo ficar atento ao que se passa no Congresso Nacional, a fim de evitar que se concretize mais este embuste contra o povo, contra o trabalhador e cidadão comum, como outros que já foram aprovados, no anterior e neste governo, sob o prisma da modernidade, mas que escondem interesses escusos e refletem pura demagogia dos atuais donos do poder.
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