A Família de Ontem e de Hoje...
Cristo já dizia "Vinde a mim as criancinhas". Isto nos leva a refletir que Cristo, como um bom psicólogo, sociólogo e, sobretudo, pedagogo que era, preferia trabalhar com crianças e jovens, porque estes eram mais facilmente doutrináveis,, pois ainda estavam no período de formação de seu intelecto, ao passo que os adultos "cabeças-duras" (ou "cabeças-feitas") representavam um trabalho mais difícil. Ajunte-se a isto que a criança e o jovem de hoje é o adulto, o líder de amanhã.
Ademais, através do adulto, principalmente do mais velho, que está mais perto do final dos seus dias que os jovens e as crianças, a mensagem, a doutrina, pode andar, viver bem menos tempo, ao passo que, com o mais jovem, que tem uma vida inteira pela frente...
Além disso, o adulto ou o velho locomovem-se menos e com mais dificuldade: este, por cansaço, aquele, por ter de trabalhar, de cuidar da família, etc. O jovem, não. Ele é mais ágil, mais disposto, mais sociável. Ainda mais. Seu universo, portanto, é maior (apesar de estereotipado). Logo, seu poder de comunicação é bem mais amplo.
A juventude de hoje pretende querer carrear para si os "méritos" de ser rebelde, contestadora, revolucionária, etc. A juventude sempre teve o mesmo espírito, a mesma afoiteza, em todas as épocas, em todos os lugares, só que a juventude de ontem não tinha à mão, com tanta facilidade, as drogas, o carro do papai (houve a época em que nem carro existia, é claro), os motéis, a pílula, os meios de comunicação, e por aí vai.
Naquela época, a família vivia reunida (eu não disse realizada, necessariamente). Havia o chefe, o pai todo-poderoso. A mãe, uma semi-deusa, que seria de ele entre os vis mortais (os filhos) e o dono do Olimpo.
Verdadeira ou hipocritamente, todos ali, na família de ontem, reunidos á mesa do jantar ou ao redor da lareira, viviam mais felizes e seguros de si, amparados e presos nos laços da família, célula-mater da sociedade; havia mais calor humano (pelo menos perto da lareira); mais confiabilidade e apoio mútuo, mais responsabilidade, maior entrosamento e, conseqüentemente, maior poder de comunicação.
A juventude de ontem também foi rebelde e cheia de modismos com uma diferença: o jovem de ontem, considerado rebelde, é o que ousava brigar com os pais, matar aula, beber cerveja ou vinho escondido dos pais, deixar de ir à igreja... O jovem rebelde de hoje, o de "cabeça-feita", o moderno, é aquele que, quase sempre drogado, toma as chaves do carro do pai, e sai por aí em alta velocidade, joga o carro no abismo ou pior, tromba em outro veículo e mata, às vezes, uma família inteira...
Será que liberar é ser irresponsável, não se preocupar com os estudos, com o trabalho, renegar a família?
Será que realizar é viver no mundo cor-de-rosa das drogas, "viajando" para o além?
Será que o "sentimento de culpa" é sinônimo de irresponsabilidade?
Será que liberar e realizar é reunir-se com os filósofos intelectuais dos barzinhos e reformar o mundo, ali na mesa, diante das perfumarias e das drogas? (O pior é que esses revolucionários soldados dos bares acordam, no dia seguinte, com tanta dor de cabeça e mal-estar, que têm de ingerir alguma coisa, para recuperar "o equilíbrio da situação" e tentar lembrar-se dos planos que foram traçados na véspera, ou voltar lá, no bar, e começar tudo de novo).
Reformar o mundo é cada um cumprir sua parte no trabalho, na família, na comunidade. É amar o nosso irmão, porém sem subjugá-lo aos nossos vícios e às nossas tendências. Sem despersonalizá-lo, enfim. Mas não é amar apenas filosófica ou liricamente. É participar da vida dele, conhecer seu íntimo e caminhar com ele.
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