QUANDO ME CALO
J.B.Xavier
Quando silencio,
Nas tantas vezes
Em que os ímpetos do sentir
Me impulsionam a ti,
Quando reduzo ao silêncio
Os gritos de minha alma,
Quando as tintas frescas
Escorrem da tela recém pintada
Da candura que exalas,
Quando te calas,
Quando me falas
Das pérolas que adornam
Teu coração,
Quando diáfanos diamantes
São vertidos
Como lágrimas tristes,
Quando percebo
O que ainda não viste
Quando resisto
Ao fato de que existo,
E quando persisto
Em adornar teus cenários,
Quando demoras a chegar,
Quando, do teu olhar
Emana essa luz tranqüila
E verdadeira,
É que te vejo inteira
E me encontro
Dentro do teu mundo...
E assim, quando me calo
Ouço a música de tua voz...
E no silêncio do meu calar,
Em alegrias e desenganos
É que percebo quanto te amo...
* * *
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