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Cartas-->Resposta de Delfim Netto a José Álvaro Costa Donato -- 13/02/2008 - 10:12 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Resposta do Min Delfim Netto a consulta de militar (imperdível)


É a verdade que vale a pena conhecer

Por favor, leiam até o final a resposta do ex-Ministro Delfim Netto a uma consulta que lhe fez o CMG (FN) José Donato sobre um texto "maldoso", detetado no livro de Geografia de seu filho e utilizado pelo colégio INEI, em Brasília, sobre a economia durante os governos militares.

*

Segue cópia do e-mail que Donato enviou ao Min. Delfim Netto.

Sr Ministro.

Parabéns pelo artigo publicado hoje, de sua autoria.

Permita-me tratá-lo como Ministro, pois é com referência a esse período de sua vida, e também de nosso País, que desejo fazer um breve comentário.

Confesso que como cidadão e mais ainda como militar da ativa (Capitão-de-Mar-e-Guerra - FN), muito me entristece o fato de ensinarem hoje nas escolas, fatos que desvirtuam da realidade às quais presenciamos.

Não vivi intensamente os protestos aos Governos militares, uma vez que de 1973 a 1978 estudava, em regime de internato, no Colégio Naval e na Escola Naval.

Acredito, por outro lado, que mais do que em outros governos, verdadeiros nacionalistas ocupavam diversos cargos e a eles se dedicavam inteiramente em pról da Nação

Ao estudar com meu filho de apenas 13 anos, tive que explicá-lo que, infelizmente, o que estava escrito no seu livro não correspondia à verdade.

Gostaria de sua opinião sobre o texto que abaixo transcrevo, de um livro didático (em vermelho) utilizado por um dos colégios mais conceituados (e nada barato) de Brasília , uma vez que o Sr., certamente, viveu os acontecimentos da época.

Os três autores estão mencionados abaixo.

No capítulo dedicado à CUT e à CGT......existem, como era de se esperar, rasgos de elogios.

Caso o Sr queira maiores informações, encontro-me à disposição, também pelo telefone abaixo (omitido).

Atenciosamente.

José Donato


***

Construindo Geografia

"O Brasil e os brasileiros"

6ª Série-Ensino Fudamental
-Regina Araujo
-Raul Borges Guimarães
-Wagner Costa Ribeiro.
Editora Moderna
2ª Edição
Pg. 262


Dívida Externa:
"Os contratos assinados por representantes do Brasil na época da ditadura militar foram muito ruins para o país. Ali, há uma regra muito "curiosa" e conveniente para os credores: eles podem aumentar os juros no momento que desejarem.
Assim é fácil! Quando a dívida estiver perto de ser finalizada, é só aumentar os juros que ela cresce de novo. Por isso muita gente acredita que a dívida externa é impagável.".......


De: Delfim Netto
Para: José Alvaro Costa Donato
Tema: Agradece e.mail sobre artigo Valor 04.12.2007 e comentários em livro didático
De: Delfim Netto

Para: José Álvaro Costa Donato

Prezado José Donato muito grato por sua atenção e pelos comentários ao artigo no Valor de 04 de dezembro. Raramente o senhor lê um comentário isento sobre a maneira firme e civilizada como os militares conduziram o processo de transição do regime autoritário à plena redemocratização. Infelizmente, no campo da educação e não apenas nas esferas federais, os organismos que decidem as edições dos livros didáticos estão dominados por "intelectuais" que ainda não conseguiram se libertar do velho viés "esquerdista" que os obriga a negar os avanços sociais naquele período (aumento dos níveis de emprego, do salário real, da melhoria do padrão de vida) e o formidável crescimento da economia, com a expansão das exportações industriais e da produção agrícola e a modernização de toda a infraestrutura rodoviária, portuária, de energia e telecomunicações. Recusam-se a conhecer a história, não estudam, e apenas repetem monotonicamente que "o crescimento se deu à custa do endividamento externo e só beneficiou os ricos". Se estudassem, veriam que o desenvolvimento se deveu muito mais ao esforço dos brasileiros (investíamos à cada ano 25% do PIB, dos quais apenas uns 3% representava aporte de poupança externa) e muito pouco ao financimento externo: no final do período de mais forte crescimento (1967/1974) as exportações anuais eram de US$ 6 bilhões, as reservas em moeda forte eram também de US$ 6 bilhões e a dívida externa chegou a US$ 12 bilhões, ou seja, se pagaria em um ano. Não tinha nada de impagável. E uma boa parcela dos financiamentos externos para investimentos provinham do BIRD, do BID, dos Eximbanks americano ou japonês, em contratos de prazos longos à taxas favorecidas em relação às dos mercados financeiros, com parte em juros fixos e parte variáveis. Naquela época, havia pouca flutuação nas taxas de juro e não tivemos nenhum problema de dívida externa.

O aumento das taxas de juros em escala mundial ocorreu a partir de 1982, quando todos os países que dependiam da importação de petróleo se endividaram, o México declarou o "default" desencadeando uma crise internacional de crédito sem precedentes e os Estados Unidos, para conter a inflação que já chegava a 14% ao ano impulsionada pela alta dos preços do petróleo, radicalizou a política monetária e elevou para mais de 20% a taxa anual de juros. De 1974 a 1982 o Brasil se viu obrigado a contrair uma dívida de 50 bilhões de dólares com as importações anuais de petróleo para não paralisar toda a economia do país, pois só produzíamos 25% do que consumíamos. Na emergência, não dava para discutir muito taxas e prazos: os bancos internacionais financiavam os exportadores de petróleo que depositavam os respectivos valores nos próprios bancos (criando o chamado mercado de petrodólares) e os importadores se responsabilizavam pela dívida.

O Brasil atravessou todo o período de perturbação mundial no governo Figueiredo (1979/1985) realizando um enorme esforço de aumento das exportações industriais e contenção de importações para criar saldos comerciais e garantir a rolagem da dívida e investiu tudo o que podia no aumento da produção de energia (em 85, a produção doméstica de combustíveis – petróleo e álcool – já representava mais de 50% do consumo interno e o aumento da oferta de energia elétrica era garantido com a construção das gigantes hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí, além de meia dúzia de usinas menores) e na expansão da produção agrícola para garantir a autonomia alimentar.

A dívida externa originada na crise do petróleo, cujo valor tinha sido artificialmente inflado com a absurda alta das taxas de juros mundiais na década dos oitenta, foi objeto de uma longa renegociação só concluída em meados da década dos noventa, já se beneficiando do desconto do excesso dos juros que os credores afinal concederam sob o estímulo do chamado plano Backer.

Faço votos que outros pais se interessem por informar seus filhos e alertar as escolas para a má informação a que estão sendo submetidos os alunos. Peço desculpas pela demora em responder, devido a viagens e a um curto recesso no escritório durante o período de festas de final de ano mas aproveito para desejar-lhe e à sua família um feliz e próspero ano de 2008.

Cordialmente,

Antonio Delfim Netto


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