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Artigos-->Em questão o melhor futebol do mundo -- 24/07/2001 - 20:12 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Galvão Bueno insistia, quando a vaca já estava inteirinha chafurdada no brejo, que Honduras ia conseguindo uma façanha "inimaginável". Mas, pergunta-se, "inimaginável" para quem? Essa lenda de que as outras seleções tremem quando têm de jogar contra o Brasil é bem essa conversa de boteco dos narradores e comentaristas.



O jornal LANCE, especializado em eventos esportivos, publica um texto quase fúnebre na edição desta terça-feira, onde, entre outras frases relevantíssimas, se lê que, para quem pensava estarmos no fundo do poço, o Brasil ainda surpreenderia, ao "perder" para a "inexpressiva" Honduras.



"Inexpressiva"? Para quem e por quê? E "perder"? Como assim?



Já é tempo de nos habituarmos a essa difícil convivência entre iguais, ela que de resto é a própria essência do espírito esportivo, vale lembrar. Digamos que agora, finalmente, a nossa seleção é igual a todas as outras, e em tudo mesmo. E melhor para todos que seja assim. Não há diferenças essenciais entre as diversas seleções que temos visto em ação nos últimos anos. É simples, é inevitável admitir: Honduras venceu. Só isso.



E o que é que Honduras tem que nós não temos:

disciplina tática;

espírito esportivo, aberto para as circunstâncias do jogo;

a leveza de não ter de responder pelo "melhor futebol do mundo" e outras galvãobuenizantes baboseiras;

vigor físico impressionante (os nossos parecem mais um grupo desses de pagode, algo, digamos, gelatinosos);

alegria e disposição coletiva;

e, talvez, a necessidade de vencer, que a maior parte dos nossos atletas parece ter perdido, mimados que vêm sendo, em excesso talvez, pela grana solta da globalização do esporte (mesmo os mais jovens, parecem achar que é só uma questão de tempo, já posam de milionários).



Vejam que não falei em técnica futebolística, ou arte, sei lá, essa mistificação de continuarmos a festejar vitórias morais.



Mas também já está na hora de entender que esse "a arte pela arte" é hoje um mito ciosamente cultivado apenas pelos que vivem à custa do esporte, pelos mercadores do futebol que se produz no Brasil, com a imprensa (essa salivação insana falada, escrita ou televisionada) fazendo o papel do acólito sempre bem-intencionado, mas nem por isso menos basbaque.



Nem tão artístico assim, convenhamos. Beques de fazenda andam em alta por estas bandas, não é mesmo? E os armadores atuais têm uma dificuldade extrema de raciocínio e nenhum jogo de cintura. O ponta-esquerda Denilson talvez seja a própria definição desse futebol milionário, a viver de breves lampejos. A marcação de um pênalti pelo árbitro, é patético, vem sendo festejada como a conquista da megasena por algum felizardo. E não importa se foi mesmo penalidade máxima ou não. Um gol parece ir direto para a conta do herói. Din-din na caixinha. É isso. O próprio Felipão resumiu numa frase lapidar: "O melhor jogador brasileiro, hoje, é um iugoslavo." Para azar do atual técnico do escrete canarinho, o iugoslavo não estava em campo na derrota de ontem.





E, sempre haverá quem procure minimizar o feito das outras equipes, alguém ainda tratava de ressaltar a "humildade" dos atletas hondurenhos. Humildade coisa nenhuma. O que se via em campo eram pessoas de cabeça erguida, cientes do que são capazes, e o são, mas também, principalmente, e isso é extremamente relevante, do que não são capazes. Sabem que precisam superar-se. Superaram-se. Admitamos. Ninguém poderá dizer, em sã consciência, que jogaram um futebol feio. Futebol de resultados, sim, mas não destituído de beleza. O telespectador deve ter sentido inveja da emoção sincera com que os hondurenhos festejavam o seu segundo gol, obra de contra-ataque habilidoso e indefensável. Quem nos dera!



A seleção brasileira (chega de dizer "o Brasil") ontem não perdeu, repito, foi derrotada pela valente e disciplinada seleção de Honduras. Isso é futebol. O resto é esse cu-de-boi-na-área, do nosso lado e no dos outros, e nós, todos, ficamos assistindo estupefatos, inclusive os nossos atletas em campo, que parecem viver como se a vida fosse feita mesmo apenas de gratas surpresas (prêmios robustos) ou de fatalidades (ainda e sempre exorcizáveis).



Eu me pergunto: o que será que vão inventar agora para esse jogo, decisivo, contra o "inexpressivo" Paraguai? Que coelho sairá desses "cartolas"?

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