Cuma? Uma aglutinação pela lei do menor esforço da expressão "Como É". Isso no sertão paraibano e de acordo com o Dicionário Informal, geralmente empregado como pergunta quando não se entendeu algo. Já escrevi duas Cronicas com o tema "Duro de entender", que versavam sobre o palavreado atual e o "cuma" entrou numa delas. Poderia ter usado um quase sinónimo - Coméquié? Ambas, só na informalidade.
Foi o que a Edna usou, quando eu respondi uma simples pergunta sobre o estado de umas manchinhas surgidas na minha testa. Recrudesceu! Não precisaria desse recrudesceu, bastava um piorou, não é. E eu que ando usando, por demais, o seguinte início de frase - "Não sei se você sabe, mas...". Claro que não há necessidade, é só um vício. Parece o "Também não quero saber" usado por um conhecido, fechando um assunto. Nesse caso, não é vício, é falta de educação. É que além do palavreado tem o fraseado.
Voltei a este assunto porque conhecidos leram as duas Cronicas anteriores e me emprestaram outros termos. Por obra da ISO, minha empresa tem que ter um organograma, até bonito de dizer, ou escrever, e o meu é feito no PowerPoint, humm... Não é que surge a Iriana, agora, com o Humanograma. Cuma? É... Tranquilizando, é só uma organograma com fotos das pessoas mencionadas. Ah, bão!
Na mesma tónica da grama, apareceu numa reunião nossa a necessidade de um diagrama, para uma conversa nada a ver. Apenas apareceu, por ser bonito falar, assim, ó - "Deixe-me ver o diagrama". Na mesma linha do "drumming", que não sei o que é, nem vou atrás. Ah, fui, vá. Significa batuque, ou toque de tambor. Simples, mas não é o caso da nossa reunião. Coisa de maluco, ter que apresentar um diagrama para a construção de um drumming. Pior agora, quando me apresentam o deadline, utilizado para prazo. Não é dela, a Jucilene apenas me trouxe.
Querem ver piorado - "Qual o deadline para apresentar o diagrama de construção do drumming?" E sem delay, viu. Lá vou eu explicar que delay é aquele tempinho que o repórter leva para começar a falar. Observem no Jornal Nacional. Não deve ser usado em conversas corriqueiras.
Que vergonha, há pouco no almoço não é que eu coloquei a palavra asséptica, para definir um comportamento mais simples e cordato. A frase foi - "Seja mais asséptica". Mais simples seria o mais simples. Um facilitador de qualidade diria para eu fazer uma Ação Corretiva, que não corrige nada. É aberta para buscar as causas e não corrigir o erro, mas porque chamar-se ação corretiva. Sabei-me lá, falaria Dona Cida. Esse palavreado não é fácil.
Olha, isso tudo é retórica. Meu conhecido de reunião, falando grosso, quando quer contrariar alguém e não tem argumentação. Não me venha com retórica, quero uma ação para reverter essa situação. Não sei o sentido dessa retórica e não existe ação para reverter uma coisa já acontecida, talvez exista uma ação para fazer a coisa não se repetir no futuro. Está meio embaçado, mas a culpa espero não ser minha, pois os palavreados não são fáceis. Cuma?
O embaçado eu coloquei outro dia, para definir um desajuste na programação de desenhos. Até que foi entendido, embora não "esteje" certo. Ai ai, esse "esteje" não é meu. Juro! Todos nós sabemos que uma fábrica é uma fábrica; no entanto, conheço gente que diz que é um site, outros dizem que é uma planta, pode? Pode!
Mente quieta, espinha reta e o coração tranquilo, parece ser de uma música, mas é usada como tranquilizante. Deve funcionar, ao contrário dos tais sucos detox. Suco detox eu não conhecia, só os de laranja, abacaxi, groselha, de uva, vitamina, goiaba, etc. Detox, que fruta é essa. Para encerrar, nessa quinta chuvisquenta, de dezenove de três de quinze, os palavreados e fraseados, prometendo parar com isso, deixo o último que eu ouvi agorinha mesmo - "Framework". Pessoal, não tem jeito, tenho que escrever "Cuma?" por um tempão ainda, uns dois séculos mais...
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