Ei você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí. Não vai dar? Não vai dar não. Você vai ver a grande confusão. O que vou fazer bebendo até cair... Marchinha importante na minha memória de carnaval, de três compositores irmãos Ferreira, Renato, Glauco e Homero, mas sucesso emplacado por Moacyr Franco, na época que ele interpretava o personagem Mendigo, no programa Praça da Alegria, pelos idos de mil novecentos e cinquenta e nove. Faz tempo não, o mesmo das minhas primeiras lembranças de carnaval, de escola de samba ensaiando pelas ruas escuras de São Miguel e de chão batido como eram.
O Toninho Boi eu sei, o Doutor Mi e quem mais, ai se eu tivesse uma máquina fotográfica, poderia ter registrado aquela matinê no Hotel Ypiranga e primeira matinê de carnaval é igual sutiã, ninguém esquece. Antes de registrar mais marchinhas, preciso dizer do bloco do Cassiano como aqueles bonecões, alguém aí vai se lembrar, a começar pelo Orlando, até publicou uma foto por esses dias. Saía da Rua Manoel Fogaça, da frente da sua casa e era um espetáculo, domingo pela tarde. Às vezes, me parece que uma "charanga" complementava a escola de samba. O seu Cassiano Vieira já era multimídia, além de ter sido Prefeito.
Ó jardineira, por que estás tão triste? Mas o que foi que te aconteceu? Foi a camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu... Essa, aposto que vai tocar no Clube Bernardes hoje à noite, no bailão promovido pelo Guilherme. Não tem como, imagino eu. É das antigas, de trinta e oito, composta por Benedito Lacerda e Humberto Porto, gravada por Orlando Silva e cantada por todos nós. Cachaça não é água não, cachaça vem do alambique e água vem do ribeirão. De cinquenta e três, por Mirabeau, Lúcio e Heber. Pode me faltar tudo na vida, arroz feijão e pão, pode me faltar manteiga, pode me faltar o amor, só não quero que me falte a danada da cachaça e se você pensa que cachaça é água, não é não.
O pessoal do Bloco da Sete canta Cerveja, Cerveja, Cerveja e abre o carnaval desses dias, ontem vim embora cedo e não vi, mas ano passado eu vi e acompanhei um pouco. O mesmo Toninho Boi realizava o Bloco das Meninas, se não me engano; os jogadores fantasiavam-se de mulheres e iam jogar futebol no campo e nós todos morríamos de correr atrás. Se você fosse sincera Ó ó ó ó Aurora... Veja só que bom que era Ó ó ó ó Aurora. Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é. Será que ele é bossa nova, será que ele é Maomé, parece que é transviado, mas isso eu não sei se ele é. Cabeleira do Zezé, de João Roberto Kelly e Roberto Faissal, para o carnaval de sessenta e três. Perceberam que se fosse hoje, eles não fariam desse jeito, olha só o risco de atentado. Nada a ver.
Eu gosto de carnaval e muito, mas não tenho praticado, a não ser pela televisão e olha lá, com motivo até vá. Ontem, fiquei vendo o desfile da Mocidade Alegre, na expectativa de ver a minha filha Lígia desfilando, vi só o bloco, ela não. Fui dormir e hoje ouvir ela não ter gostado, reclamar até. Há mais de dez anos eu fui ao Sambódromo de São Paulo e morri de sono e frio, credo não, mas não gostei. Mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar, dá a chupeta, dá a chupeta pro bebê não chorar... De Jararaca e Vicente Paiva em trinta e seis, dorme filhinho do meu coração... Chegou a turma do funil, as águas vão rolar, taí eu fiz tudo pra você gostar de mim, garrafa cheia eu não quero ver sobrar, Zé, o rui tá aí, allah-lá-ó, ó ó ó, mas que calor, quanto riso, oh, quanta alegria... Participação total eu tive no carnaval de setenta e sete, quando saí na Escola Unidos do Jegue e frequentei o Clube todos os dias, depois fui reduzindo, reduzindo...
Hoje, domingo de carnaval, quinze de dois de quinze, estou ouvindo marchinhas de antigamente, todas, que me inspiraram esta crónica. Em paralelo, ouvi também - É o bicho, é o bicho, crocodilo eu sou, cantado pelo Wesley Safadão, que disse o sucesso desse ano ser Tem Xenhenhém, música para ouvir a letra com legenda. Coloquei aqui só para dar mais vontade das marchinhas, sem saudosismo nenhum, pois elas são eternas.
|
