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Humor-->COM CASCA E TUDO -- 16/11/2008 - 21:14 (GERMANO CORREIA DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
COM CASCA E TUDO
(Por Germano Correia da Silva)

Jô Formigão é um desses maridos extremamente mal humorados que têm o hábito de perturbar sua esposa com perguntas irritantes, tentando com isso tirá-la do sério, mesmo sabendo que corre o risco de ter de compartilhar mais um dos seus pernoites na casa do seu cachorro de estimação.

Ele é uma dessas pessoas que têm uma ligeira aversão à realização de atividades laborais, por mais simples que elas sejam, fora do ambiente familiar, ainda que em contrapartida lhe seja pago uma boa remuneração por isso.

Seu aspecto enfadonho aliado às suas perguntas recheadas de impropérios e seus gestos pouco amistosos causam incômodo a todos que têm a falta de sorte de conhecê-lo, principalmente àquela pessoa com a qual ele divide um espaço na cama na hora de dormir.

O seu questionamento mais recente, dirigido de forma enfática a essa pessoa de seu convívio familiar, ocorreu justamente no momento em que ela retornava exausta do trabalho e tem o seguinte teor literal:

- Querida, eu não consigo entender as razões que têm levado você a sair de casa todos os dias, se enclausurar naquele seu ambiente de trabalho o dia inteiro e só voltar à noite na hora de dormir e o que é pior: cansada pra lá da conta.

Ela fingiu que não ouviu nada do que ele falou e continuou trabalhando, desta feita no ambiente familiar, preparando o jantar para ele e seus três filhos pequenos.

Ele, como de costume, ficou andando de um lado para o outro da cozinha, fiscalizando passo a passo o desenrolar das atividades laborais caseiras desempenhadas por ela, à procura de defeitos e/ou eventuais falhas.

Ela continuou trabalhando, porém um pouco mais intranquila que antes. Se antes ela mantinha-se calma enquanto descascava algumas batatas, agora ela já não fazia mais isso com a mesma serenidade e as colocava na panela com casca e tudo.

- Ainda bem que aquele “casca-grossa” não está vendo nada disso – murmurou aliviada aquela “santa” dona de casa.

Ele, como de costume, de forma sorrateira, acabava de sair da cozinha após ter “assaltado” a única maça que restava na geladeira e, para não ser notado, a engolia com casca e tudo.
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