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Artigos-->O reinado do arbítrio -- 18/09/2003 - 11:53 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ficar indignado diante do arbítrio. Essa é a minha jornada. Dela não posso fugir. É meu destino ser como sou, amar o que amo, desprezar o que desprezo. Não sou diferente dos homens deste mundo, tampouco com eles me assemelho. E são a causa de minha fúria a necessidade absurda de saber, conhecer, perscrutar o que me cerca, desnudar as faces ocultas de tantos sentimentos que me oprimem; a luta incansável contra a ira desperta sempre que sou contrariado, sempre que alguém, por qualquer motivo, se revela limitado, mesquinho, desonesto, irresponsável; a vergonha de saber que sou tudo isso que condeno nos outros, sem a coragem de condenar a mim mesmo.



Por causa de alguns seres medíocres deste planeta às vezes tenho ódio de todo mundo; outras vezes quero ser o mais afável semelhante para os demais, não consigo sofrer por ser mau, ainda que sofra por querer sem bom e penso que todos os homens são idiotas, vermes, pulhas a quem nenhuma reverência é devida, nenhum respeito é necessário, nenhuma honra basta. Vejo os responsáveis pela justiça sendo injustos, os que defendem a lei usurpando-a em causa própria. Percebo em cada olhar, de cada ser a quem olho, a ganância, a luxúria, a inveja, a indisciplina e a recusa em submeter-se a qualquer autoridade ou controle. Todos vivem querendo fazer prevalecer seus interesses, mesmo que isso signifique anular os dos outros. Nas menores ações vejo patente o egoísmo, a entronação da vontade inquebrantável de ser o melhor, o mais admirado, o mais notado, o mais reverenciado. Esse orgulho é a matéria-prima que forma o interior dessas criaturas nojentas. É por elas que o mundo vive em trevas, em guerras, em morticínios mil, de onde exacerbam choros compulsivos, lamentos ensurdecedores, lágrimas infinitas. Por pessoas más como os governantes dos grandes impérios têm reinado no mundo o ódio, a mentira, a podridão nos lugares onde deveria reinar a paz. Os senhores da consciência alheia, os juizes das almas dos homens do mundo, têm tomado decisões tão arbitrárias quanto diabólicas, pondo sob seus pés a vontade de povos inteiros, obrigando-os a olhar para o subterrâneo de suas existências. Em nome da honra e da paz vidas têm sido consumidas por fogo interminável. Corpos têm se transformado em lixo nas ruas, sem que isso sensibilize qualquer dos vivos. O cheiro de carne pútrida tem se tornado odor aceitável às narinas, e as imagens cruentas de meninos e meninas cujo cérebro fugiu da caixa craniana por causa das bombas têm sido objeto da curiosidade de monstros que se engalfinham diante dos computadores para vê-las, todos sorridentes e com a boca cheia de rotidogui e coca-cola. A alma dessas miseráveis pessoas têm se incensado na fumaça do desespero e da dor de quem vê um amigo, um parente, um filho ou uma mãe, caindo aos pedaços, varados por estilhaços de bombas, tornando-se dejetos a que o mundo não lembrará mais no dia seguinte.



Essa é a minha jornada. Declarar que o mundo está preso sob as mãos ensangüentadas de um senhor e alguns súditos que se julgam enviados de Deus, quando em verdade suas ações denunciam serem eles um tipo do diabo, que iludem os homens com promessas vãs para deles dominar as consciências. “Daremos a vocês paz e comida, soberania e riqueza...Dêem-nos em troca tão somente aquilo que têm de mais sagrado e valioso: vossa ingenuidade”. Por que tais homens não são honestos e proclamam que suas próprias consciências há muito se cauterizaram e nada mais sentem diante da morte, da tragédia, do fim certo e traiçoeiro de milhões de crianças? De que natureza são tais criaturas? Quanta escuridão os envolve? Quanta luz lhes falta? Cantam aos domingos louvores a Deus e no resto dos dias da semana rendem tributos ao diabo, quando engendram destruir vidas inocentes sob o pretexto de manter a paz no mundo. Onde houver ameaças à riqueza, ao modo estúpido de viver de suas nações certamente haverá o choro inconsolável pelas inevitáveis mortes.



Alguns mandam matar os inimigos. Mas os inimigos são da mesma família! Os que hoje se destróem são originados na mesma etnia, têm o mesmo sangue. O dna de um povo é idêntico ao do outro, e ambos querem que um deixe de existir. “Morte! Morte! Venha consumir meus inimigos. Leve-os ao fogo eterno no Hades. Não tenho misericórdia no coração. Sou homem e todos devem morrer porque assim minha sede de sangue será satisfeita. Minha alma não sente prazer no bem, não quer ter relação com a harmonia e o entendimento. Não abro mão daquilo que julgo ser meu direito, um direito divino e irrevogável. Se querem que meu povo seja extirpado da face da terra, eu os extirparei primeiro. Morte! Morte”



E assim sigo em minha jornada. Não vou fugir de me indignar sempre que o monstro vier me assustar com sua labareda infernal. O medo da incompreensão jamais poderá me impedir de proclamar a furiosa ânsia de justiça que me move o interior.

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