Gramado é bonito, mas com tempo ruim é mais ainda, só estava faltando fazer zero grau e como já disse após nossa instalação no Laghetto Toscana, saí em direção ao Hotel Casa da Montanha, na avenida principal Borges de Medeiros. Neblina e chuva deixavam-na mais atraente e este hotel é de se recomendar. Em dois mil, fiquei no Hotel Serra Azul, o primeiro na lista do Guia Quatro Rodas e, no entanto, hoje ocupa a vigésima primeira posição. Deve ser pelo fato da sua antiga dona ter quebrado, porém continua com a mesma aparência e na mesma melhor esquina da cidade. Dá até vontade de ficar nele, pois quem gosta de andar é pra lá de bom.

Naquele ano, era um destino certo para casais apaixonados e hoje é o destino de serra onde há a maior quantidade de hotéis com área de lazer para crianças. Os parques temáticos surgidos contribuíram para isso. Mas, vejam só, a maior novidade de hoje é o alto padrão Modevie Boutique Hotel, que não aceita crianças menores de doze anos. Sua proposta é criar experiências. Os programas românticos continuam, passear pelo Lago Negro e comer fondue são da hora, porém nos últimos dez anos, os parques atraem cada vez mais famílias e o lazer infantil está se tornando imperativo.

Para mim, do rol dos casais apaixonados, interessava mais andar pelo tempo ruim, pela neblina e passar frio. Deixei o pessoal terminar o workshop, com o que eu tinha falado e fui buscar a Edna. Quinze graus não eram ainda tudo de bom, mas bom. Carro no estacionamento, porque o Lagheto era longinho, vamos andar pela cidade, torcendo pela temperatura baixar mais. Deixa-me contar de dois mil, quando chegamos a Gramado, com calorzinho de vinte graus, ao iniciar a tarde e saímos, achando praia, quase de shortinho. Depois de um almoço, fomos voltear e vocês não vão acreditar – Fui congelando e ficando duro, com as juntas doendo, imediatamente tive que comprar acessórios de frio e tenho foto do termômetro, com menos um grau, antes das seis da tarde.

A Ocean Machinery nos brindou com um fondue, na noite de quinta; nada romântico, quando um dos principais assuntos foram as crianças presentes. Sintoma de mudança do perfil da cidade, ainda mais quando o vinho perde para refrigerante e suco. Eu tinha sexta e sábado para divagar pelo meu comparativo de antes e agora. O antes ganhou por causa da temperatura e zero é melhor que quinze, igual estava a neblina e o agora foi melhor por causa da chuva e donde eu concluo, que Gramado é melhor com frio de rachar.

Apesar disso, muita gente vai na época de calor, pelo clima ameno e montanha, o pico da temporada de verão é o Natal Luz. Ah, chocolate é uma atração à parte, com uma classificação de deliciosos no mínimo. Comprei alguns na Prawer e tomei cappuccino na Rua Coberta, acompanhado de um apfelstrudel com sorvete, delícia e só indo lá, não adianta contar. Ainda na sexta, fui comer galeto na Casa Di Paolo e depois mais andanças pelas ruas, com uma neblina de babar, fazendo da chuvinha nada irritante, só um complemento. Continuei comparando as duas cidades por mim experimentadas. Simbora pro hotel, canja e dormir.

Estou escrevendo olhando o Guia, cujas sete páginas dizem de tudo a ver por lá, principalmente que, agora, tem neve o ano inteiro, pelo menos dentro do Snowland, o primeiro parque de neve artificial indoor. Por fora um galpão feíssimo, por dentro não vi, mas deve ser lindo, frio e muita neve. Não perguntei preços. Sábado com sol pela manhã, arrisquei uma volta de carro e fui à Canela, igual era, só que a estradinha linda de ligação das duas cidades virou uma avenida larga e de comércio. Não gostei. Voltei correndo e fui andar, almoçar carne no Malbec, com vinho, por certo. Após, voltei aos dois mil, pois a neblina tomou conta de tudo e mal enxergava a Edna, ampliando a sensação de frio. Gramado de duas épocas, consegui vivenciar e neste domingo, decisão de copa, treze de sete de quatorze, recomendo as duas serras, dantes e d’agora...