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Artigos-->Escravos à moda antiga -- 15/09/2003 - 10:27 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No Manifesto do Partido Comunista, escrito em 1847, Karl Marx e Friedrich Engels comparam as condições de trabalho dos operários à escravidão assalariada — esta seria a nova forma de exploração dos trabalhadores, em substituição à que o próprio trabalhador era propriedade do explorador. Mas a velha forma de escravidão, ainda sob a antiga forma, persiste em existir até hoje.



O jornalista Andrew Cockburn fez o levantamento: existem hoje cerca de 27 milhões de pessoas que são compradas e vendidas, mantidas em cativeiro, agredidas e exploradas — são os escravos do século 21! Ele encontrou crianças de 9 a 14 anos vendidas pelos pais para trabalhar numa oficina, na Índia; mulheres do Leste Europeu vendidas a prostíbulos em Israel, Alemanha, Suíça, Japão e Estados Unidos; famílias escravizadas em olarias da Índia, Paquistão, Bangladesh e Nepal. Na Índia, as escravas prostituídas têm expectativa de vida inferior a 40 anos, devido à violência, doenças, má nutrição e falta de cuidados médicos.



Segundo levantamento do Departamento de Estado Americano, existem 115 países onde pessoas são traficadas. Em apenas 25 países esse tráfico é de fato levado à Justiça, Brasil inclusive. Para Kevin Bales, diretor da organização Libertem os Escravos, a escravidão contemporânea mistura a dominação total e a exploração econômica e os trabalhadores são controlados pela "autoridade da violência em última instância". Estima-se que os 27 milhões de escravos são responsáveis pelo equivalente a 13 bilhões de dólares produzidos pela economia mundial por ano.



As pessoas vivem confinadas ou presas e são forçadas a trabalhar, controladas por meio de violência ou tratadas como propriedade. A escravidão por dívida - o trabalhador é mantido sob estado de servidão até que a quantia devida a quem quer que o possua seja "recuperada", é a forma mais comum na atualidade. Mas a prática é antiga. Marx, em O Capital (1867) registra que, naquela época, a escravidão se ocultava sob a forma de peonagem. "Por meio de adiantamentos resgatáveis em trabalho e transmitindo-se a obrigação de resgate de geração em geração, torna-se não só o trabalhador individual, mas também sua família, propriedade, de fato, de outras pessoas e das respectivas famílias".



A Coalizão dos Trabalhadores de Immokalee, norte-americana, avalia que 10% da força de trabalho rural dos EUA são escravos. A escravidão nos EUA se espalha por quase todas as áreas da economia em que a mão-de-obra barata é um diferencial. Em 1995, mais de 70 mulheres tailandesas foram resgatadas em Los Angeles, onde produziam roupas para grandes varejistas. Em 2001, no Estado de Washington, foram presos os donos de uma empresa que usava mexicanos para vender sorvetes nas ruas para pagar suas dívidas de transporte. Calcula-se a existência de 150 mil escravos nos EUA.



O fundador do socialismo científico cita um de seus mentores, o também alemão Hegel, que assim definiu, em 1840, a escravidão, no livro Filosofia do Direito: "Posso ceder a outro, por tempo limitado, o uso de minhas particulares aptidões corporais e mentais e possibilidades de atividade, porque elas adquirem, com essa limitação, uma relação extrínseca com minha totalidade e generalidade. Com a alienação de todo o meu tempo concretizado no trabalho e da totalidade de minha produção, converteria em propriedade de outrem a própria substância do que foi cedido, a saber, minha atividade geral e realidade, minha personalidade".



O combate à escravidão não é fácil: em novembro de 2000, uma Força-Tarefa Policial Internacional, apoiada pela Organização das Nações Unidas, libertou 34 moças de casas noturnas de propriedade de Milorad Milakovic, um bósnio traficante de escravos, que afirmou serem, muitos dos integrantes da Força-Tarefa, seus clientes...



Cockburn conclui, em sua reportagem: "A compra e venda de pessoas é um negócio rentável porque, ao passo que a globalização facilitou o deslocamento de bens e divisas pelo mundo, pessoas que querem se mudar para locais onde há trabalho enfrentam restrições cada vez mais severas à imigração legal. Quem não consegue migrar legalmente, nem tem dinheiro para ser transportado como clandestino, acaba nas mãos das máfias do tráfico".



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