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Artigos-->O marketing e o dom de iludir -- 10/09/2003 - 13:29 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Assistindo na tv. alguns comerciais tenho me questionado por que os grandes grupos dão carta branca e muito dinheiro para que as agências criem as mais fabulosas maneiras de convencer o comprador sobre a excelência deste ou daquele produto, não se importando que, por conta dessa lógica consumista, os criadores abandonem a mínima noção de honestidade e induzam o telespectador a aceitar uma situação inverossímil e mentirosa como algo absolutamente natural, uma vez sob o invólucro sagrado da criação artística e da liberdade de expressão.



Todos lembram daquele comercial de uma cervejaria em que um empregado leva um copo da bebida ao patrão. O percurso é longo e difícil, o sol a pino e os pés estão descalços. Ao chegar, o patrão agradece e pede que o empregado tome alguma coisa pra se refrescar. Ato contínuo, ele toma um pouco da cerveja que levou ao patrão. Quando percebe que este ordenou que um jagunço punisse o ato de extrema ousadia, o empregado, sabendo que iria morrer, toma o resto da bebida.



Em outro comercial, um garimpeiro acha uma imensa pepita de ouro e sai em disparada para negociá-la; no caminho, cansado, vê uma boteca onde há cerveja. Imediatamente a sede o toma de assalto e um desejo imenso de saciá-la o impele a dar a pepita em troca de uma garrafa de cerveja.



Nesses dois casos a hiperbólica renúncia em troca de um copo de cerveja não se configura em uma tremenda propaganda enganosa? Quem, em sã consciência, daria sua vida, ou mesmo uma pepita de ouro, em troca de um mísero gole? Vamos adiante.



O comercial do cartão de crédito, aquele da mulher que só quer um motivo pra comprar um par de sapatos, lembram-se? Pois bem, depois de todas as casualidades que justificariam psicologicamente a compra terem fracassado, ela vê o seu marido, ou namorado, aproximar-se, e estabelece que se ele falar com ela será esse o “sinal” para a compra do sapato. Antes do homem falar “oi querida..;” somos levados a crer que, a seguir as primeiras frustrações da consumidora compulsiva, o homem não lhe falasse. A mulher sabia que ele falaria; portanto, a condição que ela estabeleceu para a compra era mentirosa, pois jamais poderia esperar, em qualquer outra situação, que o seu companheiro, vendo-a parada em frente a uma loja qualquer, não perguntasse o que ela estava fazendo ali. Esse não é, contudo, o aspecto mais importante deste comercial.



A frase que todos esperamos ouvir em um comercial, que geralmente sintetiza a essência da mensagem a ser transmitida e assimilada pelo telespectador, no caso do cartão de crédito é absurdamente hipócrita, mentirosa e leviana, um insulto mesmo à capacidade humana de discernir entre o falso e o verdadeiro. Por quê? No final do comercial a mensagem diz ser importante que em alguns momentos da vida as pessoas controlem seus instintos!



Onde está o absurdo? No fato de uma empresa de cartão de crédito, que depende essencialmente das compras, dizer: “De vez em quando, não compre”! Ora, como é possível aceitar tamanha falta de honestidade? Ou será que, pasmemo-nos todos, os grandes grupos estão fazendo uma revisão histórica na tendência de iludir o consumidor, reconhecendo que, no afã de sempre vender e lucrar, muitas vezes os limites entre ética e sua falta foram desrespeitados? Mas...e os donos das cervejarias? Talvez ainda não tenham sido tomados por essa terrível crise de consciência...



Essa pequena amostra de comerciais, salvo melhor juízo, enganosos, faz parte da tendência idiotizante de uma mídia tantas das vezes alheia a alguns valores, porque presa umbilicalmente a outros. A lógica pela qual os fins justificam os meios tem levado certas empresas de marketing a converter a simplicidade das antigas propagandas, desde sempre eficazes, em máquinas perversas de ilusão e mentira, máquinas de fazer dinheiro e consumidores alienados. Não me surpreende que algumas dessas empresas façam propaganda tanto de cerveja como de políticos em época de eleição. E olha que alguns dos políticos “vendidos” aos eleitores nas últimas eleições são bem piores que cerveja estragada!

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